Indígenas são expulsos de propriedade antes da chegada da Polícia Federal em Caarapó

  • Redação com Caaraponews
campamento onde estavam os indígenas (Reprodução)
campamento onde estavam os indígenas (Reprodução)

Após dois dias de conflitos entre indígenas e produtores rurais, próximo à fazenda Nossa Senhora Aparecida, no local conhecido como “Toca do Jacaré”, em Caarapó, a Polícia Federal chegou à região.

Na tarde de ontem (9) os indígenas teriam sido expulsos da propriedade, a qual eles chamam de “Tey Juçu” (aquilo que sempre foi) e que, segundo eles, pertencem à totalidade da Tekoha Guaçu (grande território) que se estende para além da aldeia de Tey Kue.

Os indígenas disseram ao Cimi (Conselho Indigenista Missionário), espécie de porta voz dos indígenas, que homens armados não atacaram ninguém da comunidade, mas destruíram tudo o que viram pela frente. O acampamento erguido no local teria sido posto abaixo.

Os indígenas negaram também o suposto ataque e emboscada aos produtores rurais na última segunda-feira (8).

“Um absurdo completo. Como pode uma comunidade pequena, com muitas mulheres e crianças, atacar um bando com mais de trinta caminhonetes, fortemente armado. Quando que nosso povo foi pego fazendo emboscada, indo pra matar fazendeiro. Quem é assassinado é a gente, quem passa fome é a gente, quem vive nas beiras das estradas é a gente, os filhos que morrem de fome são os nossos”, defendeu o indígena Otoniel.

Ontem (9), apesar de até o momento não existir nenhuma evidencia sobre a veracidade do fato, os indígenas relataram que uma adolescente da tribo teria sido baleada pelos produtores e sido levada em uma caminhonete.

Outro lado - O presidente do Sindicato Rural de Caarapó, Antonio Umberto Maran, desmentiu os indígenas e relatou que os produtores é quem foram atacados.

Segundo ele, vários produtores estavam reunidos próximo ao sitio invadido pelos indígenas e se aproximaram para tirar fotos e verificar a situação, quando foram surpreendidos pelos indígenas que teriam atirado contra eles.

“Alguns índios que estavam escondidos no mato saíram e começaram a atirar em nós. Além disso, os indígenas estão falando que estamos em confronto com eles, mas em momento algum nós os agredimos. Quem fez isso foram eles”, afirmou.

“Já em relação a menina, após nossa ida lá apareceu essa conversa de que uma jovem teria sido baleada por algum produtor, mas isso é mentira deles, covardia, não fizemos isso. É fácil eles falarem que fomos nós, pois havia várias pessoas no local e muitos indígenas e não sabemos ao certo quem estava lá. Então falam que a moça sumiu, mas não fizemos isso”, ressalta Maran.

O presidente do Sindicato Rural disse ainda que na manhã de ontem (9) vários produtores rurais se reuniram na entidade patronal para tentar buscar uma solução para o problema.

“Nos reunimos e foi decidido que entraremos com pedido no Judiciário para reintegração de posse das terras invadidas. Hoje (10), nos reuniremos novamente para decidir se contrataremos uma empresa de segurança para ficar na região e impedir que mais índios adentrem no local”, conta.

Maran cita ainda que a propriedade invadida é um sitio de aproximadamente 27 alqueires, do pequeno produtor Ademir Bacchi, e que essa situação é vergonhosa, pois as áreas não são indígenas.

“Alguns produtores que tem propriedade vizinha da aldeia Tey’kuê desejam vender a propriedade para o governo. Se eles [governo] quiserem comprar essa propriedade tudo bem, pois existem produtores que venderiam, mas não aceitamos os indígenas tentarem tirar nossas propriedades a força e deixar um grande prejuízo para nós”, finalizou Maran.

Ainda não há informações para onde teriam ido os indígenas que estavam no local e foram expulsos.

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