Facebook recebe críticas por "dois pesos, duas medidas" em ação sobre França
Já virou praxe a ação do Facebook de garantir às pessoas que seus amigos estão bem em situações excepcionais: o chamado “safety check”, onde pessoas próximas a zonas de conflitos ou de desastres naturais podem se “marcar como seguras”, já existe desde 2011, quando tsunamis atingiram a Ásia – e desde então foi usado em diversas situações, como no terremoto do Chile em setembro.
Mas, na última semana, a rede social de Mark Zuckerberg foi amplamente criticada por acionar a ferramenta para atentados terroristas em Paris sem ter disponibilizado para ataques similares em Beirute, na Síria, um dia antes.
A possibilidade de avisar aos amigos que está tudo bem com um clique foi introduzida pouco tempo depois das primeiras notícias de bombardeios em áreas da capital francesa na noite de sexta-feira, que deixaram 129 mortos. Na quinta-feira da mesma semana, ataques suicidas na capital do Líbano mataram 43 pessoas. O Estado Islâmico reivindicou a autoria de ambas as ações.
No sábado, o blogueiro libanês Joey Ayoub escreveu críticas sobre a aparente disparidade com a qual foram tratadas as duas cidades. Compartilhado amplamente durante o final de semana, o texto continha passagens que afirmavam que, para o Facebook, a vida dos libaneses não importava. “Nós não ganhamos o botão de segurança do Facebook. ‘Nós’ não temos depoimentos de madrugada dos homens e mulheres mais poderosos do mundo e milhões de usuários da internet”, escreveu o blogueiro. “Nossas vidas não importam”.
Houve também quem dissesse que as críticas não faziam sentido. Para o jornalista libanês Doja Daoud, que deu entrevista à emissora Al Jazeera, do Catar, a função não teria sido tão útil em Beirut como foi em Paris.
Em resposta às críticas, o CEO da rede social afirmou que o Facebook não ativou a funcionalidade na quinta-feira porque uma alteração nas políticas de utilização estava em curso no momento. Ele também lembrou que foi a primeira vez em que a ferramenta foi ativada para mortes causadas por ações humanas, e não por desastres naturais.
Resta saber se isso significa que, a partir de agora, todos os grandes atentados provocados pelo homem, seja em grandes capitais ou não, serão contemplados pela utilidade.