Aborto "não é resposta" para o zika, diz CNBB

Durante o lançamento da Campanha da Fraternidade, nesta quarta-feira (10), o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Sergio da Rocha, voltou a criticar o aborto para casos de microcefalia causada por zika, dizendo que essa "não é a resposta" para o problema.
"Nós precisamos valorizar a vida em qualquer situação e qualquer condição que ela esteja. Menor qualidade de vida não significa menor direito a viver, com menos dignidade humana", ressaltou ele no evento.
O discurso dos católicos vai na contramão daquilo que o comissário da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, recomendou aos governos de todo o mundo a autorizarem o aborto nos casos de microcefalia durante a gravidez, na semana passada.
A Campanha da Fraternidade é realizada durante o período da Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa, e sempre aborda temas para a discussão da sociedade, desde as pequenas comunidades cristãs até o Congresso Nacional – onde haverá uma audiência pública sobre o tema, em 15 de fevereiro.
O tema "casa comum, nossa responsabilidade" quer abordar tanto a conscientização das pessoas sobre a importância do saneamento básico para a saúde da população quanto cobrar de prefeituras e governos melhorias no setor.
No lançamento da campanha, os bispos explicaram que o tema já estava pronto há dois anos, mas que, no atual momento, com a disseminação da zika, da chikungunya e a dengue, ele tornou-se ainda mais urgente.
"Infelizmente, a nossa casa comum está sendo hoje assolada pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças, e a nossa família comum está sofrendo e morrendo por causa das enfermidades transmitidas por ele. E a falta de saneamento básico tem contribuído para a proliferação dos mosquitos", afirmou o presidente da CNBB.
Participando da solenidade, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, reconheceu as carências do saneamento básico no País e destacou que, "por mais que nos últimos 11 anos tenhamos tido melhorias que não tivemos em outras épocas do Brasil, ainda deixamos a desejar".