‘Típica demonstração de extermínio’, diz juiz sobre morte de jovem em Dourados
Dois autuados em flagrante pelo assassinato ocorrido na noite de 1º de março no Jardim Universitário tiveram prisão convertida para preventiva, sem prazo para encerrar
O assassinato do mecânico Yuri Nunes, de 22 anos, ocorrido na noite de 1º de março no Jardim Universitário, em Dourados, foi uma “típica demonstração de extermínio”. Essa é a avaliação do juiz da 3ª Vara Criminal da comarca, que no dia seguinte ao crime determinou a conversão da prisão em flagrante dos dois suspeitos – presos pelo SIG (Serviço de Investigação Geral) da Polícia Civil - para preventiva. Essa sanção judicial não tem um prazo específico para encerrar.
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A 94FM apurou que o magistrado acatou pedido feito pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) durante a audiência de custódia e levou em consideração depoimento de testemunhas. Douglas de Oliveira Pereira, de 19 anos, foi apontado como autor dos disparos que tiraram a vida da vítima; ele mesmo confessou na delegacia. Já Jhonatan Abner Batista Nascimento, de 18 anos, pilotava a moto utilizada na fuga.
“O delito é grave e praticado em típica demonstração de extermínio, isto é, os indiciados provavelmente conduziram um veículo para dar fuga e o executor se dirigira à vítima em momento que estava distraída, circunstância completamente diversa de um delito praticado no calor de uma discussão entre autor e ofendido. Como levado a cabo o homicídio, demonstra uma possível profissionalização do crime, com provável periculosidade concreta dos réus”, afirmou o juiz.
Em depoimento, uma jovem que testemunhou o assassinato detalhou que Douglas Vieira Pereira “tinha uma rixa com Yuri”, embora não soubesse informar o motivo. No dia do crime ela estava com a vítima e outros amigos em um estabelecimento comercial na Rua Manoel Santiago e viu o suspeito “na esquina com vários amigos”, um deles Jhonatan.
A testemunha disse ainda ter visto os suspeitos irem atrás de Yuri. “A depoente relata que viu quando Douglas chamou por Yuri e o mandou correr vindo desferindo vários tiros pelas costas da vítima sem que ele possa se defender”, consta no despacho judicial que converteu as prisões em flagrante por preventivas.
Após os tiros, a jovem disse ter corrido em direção à vítima “quando estava caindo e que viu quando Douglas e Abner saíram correndo e subiram na moto”. Afirmou ainda “que viu que a pessoa que atirou foi Douglas e Abner ficou tentando ligar a moto, sendo que Douglas chegou e empurrou Abner ligou a moto e os dois empreenderam fuga”.
Autuados por homicídio, crime com pena máxima superior a 4 anos de reclusão, os dois suspeitos “não demonstraram atividade lícita”, conforme o magistrado. “Assim, nada indica que permanecerão no distrito da culpa. Por fim, as medidas cautelares não são suficientes, pois simples comparecimento em juízo e não se aproximar das testemunhas sem efetiva fiscalização policial e pela audácia dos réus na prática do delito, restariam inócuas. Desse modo, para garantia da ordem pública e aplicação da lei penal, necessária a prisão cautelar”, estabeleceu.
“Apesar de Jhonatan Abner Batista Nascimento não possuir antecedentes nestes autos a gravidade do delito como exposta no parágrafo anterior é fator suficiente para a segregação cautelar, a fim de garantir a ordem pública. Já Douglas de Oliveira Pereira possui passagem policial por conduzir veículo com capacidade psicomotora alterada, logo, tudo indica que solto voltará a delinquir, em clara ameaça à sociedade”, ponderou o juiz.
Na quinta-feira (8), a advogada constituída para representar Douglas ingressou com pedido de Liberdade Provisória com ou sem fiança para seu cliente. Ainda não houve decisão sobre esse requerimento.