Ruivas estariam com os dias contados, segundo médico

Dias de Ruivo é o nome de um festival na Holanda. Morenos, louros, negros e asiáticos são até bem-vindos, mas a ideia é que os tipos de pele clara, sardentos e de cabelos vermelhos se encontrem para conversar, trocar impressões. E lá não acontecem apenas debates: há jogos, brincadeiras e, segundo os participantes, todas essas dinâmicas são importantes para que eles não se sintam tão isolados.
A inglesa Louisa Morgan e o marido David levaram a filha de 5 anos até Breda, no sul da Holanda. A viagem tinha um propósito bem claro, além da diversão: mostrar à menina que ter o cabelo vermelho é não nada fora do comum. Ali, desde 2005, uma vez por ano, moradores de diversos países se participam de evento diferente com pessoas bem parecidas. O festival Dias de Ruivos promove um fim de semana com festas, sessões de fotos, exposições e concertos. Uma das atrações mais concorridas é a tenda do encontro rápido. A cada dez minutos, os participantes trocam de lugar para conhecer a pessoa que está sentada na frente. O espaço é aberto a todos os visitantes, não apenas pessoas de cabelos vermelhos.
Para a estudante alemã Astrid Roth, a experiência de conhecer outros ruivos de um jeito tão rápido emociona. “Realmente gostei da agilidade dos encontros. Foi muito emocionante conhecer outras pessoas que tinham as mesmas experiências que eu”, conta. O estudante de filosofia holandês Bart de Mol afirma que é provável que tenham menos ruivos no planeta a cada ano. Por isso, iniciativas como essa, de um encontro rápido, são uma boa ideia. “É ótimo que a gente tenha esse festival, mas acho que esse encontro rápido deveria ser o objetivo central. É bom para a gente conhecer novas pessoas. Até existe a possibilidade de rolar algo mais”, afirma.
Ele tem razão quando fala em extinção. No laboratório de genética humana de Amsterdã, o doutor Erik Sistermans diz que, em termos genéticos, os ruivos estariam com os dias contados. O perigo estaria associado à circulação cada vez maior de indivíduos pelo planeta. “Isso tem a ver com o fluxo de pessoas de países com poucos ruivos para países com grande população de ruivos. Para nascer uma criança de cabelo vermelho, você precisa que o pai e a mãe tenham o gene para isso, o que é muito raro numa população mais mestiça”, explica o médico.
O aquecimento global também poderia por em risco a permanência dos ruivos entre nós. Segundo os geneticistas, a mutação do gene recessivo responsável por essas características está relacionada à baixa luminosidade. Ou seja, quanto mais dias ensolarados, menos chance de a mutação acontecer.
Atualmente, a Escócia tem o maior percentual de pessoas com cabelos naturalmente avermelhados. Eles representam cerca de 13% dos habitantes. A Irlanda fica em segundo lugar, com 10% da população. No cinema, eles também não são muitos. Mas é difícil esquecê-los. Dos sucessos de Rita Hayworth, às aventuras de Annie, Jessica Rabbit, de Nicole Kidman em diversas versões mas, principalmente, como Satine, de Moulin Rouge.