Há seis anos, resgate em Caarapó já desafiava autoridades ambientais
Caso semelhante ao ocorrido nesta semana teve desfecho em 10 horas; em Dourados, dardos utilizados para aplicar sedativo não eram adequados, segundo especialista
Notícia da semana, o resgate de uma onça-parda encontrada na área urbana de Dourados ainda rende. Nesta sexta-feira (2), médico veterinário que atendeu o felino após sua captura revelou que a demora na ação - mais de 24 horas - foi motivada pelo uso de dardos inadequados para aplicação de sedativo no animal. Há seis anos, um caso semelhante ocorrido no centro de Caarapó também desafiou as autoridades ambientais, mas foi solucionado em menos da metade do tempo.
"Os tiros dados anteriormente foram realizados usando dardos com agulhas convencionais, o que não é adequado para esse tipo de situação, pois devido a agitação e estresse do animal o dardo cai antes que o tranquilizante penetre na corrente sanguínea. Já com dardos montados com agulhas farpadas é possível alcançar o objetivo, pois este atinge o animal e não cai", revelou o médico veterinário Namor Pinheiro Zimmermann.
Doutor em ciência animal e professor de uma universidade particular de Dourados, Zimmermann refere-se às tentativas de sedar a onça feitas durante a tarde e a noite de terça-feira (30). Somente no dia seguinte, pouco depois das 12h, equipes da PMA (Polícia Militar Ambiental), do Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) e do 2º Grupamento de Bombeiros Militar conseguiram fazer a onça despencar do pé de jaca no qual estava, na Rua Santos Dumont, na Vila Rosa.
CRÍTICAS
Um dos responsáveis pelo atendimento ao felino após sua captura, o médico veterinário destacou que não houve despreparo das autoridades ambientais, mas apenas falta de equipamento adequado.
Logo após o resgate, o capitão Matheus Taniguchi, da PMA, rebateu críticas sobre a atuação nesse caso que se estendeu por mais de 24 horas e explicou que a função primordial da corporação é fiscalizar. "Não somos uma polícia especializada nessa situação de animal silvestre, nosso trabalho primordial é a fiscalização. A nossa missão aqui era conter a área, isolar, manter a segurança do animal e da sociedade, e essa tarefa foi feita por mais de 24 horas com bravos policiais militares de folga que também vieram aqui e conseguimos êxito no trabalho", disse.
CASO SEMELHANTE
Mas há quase seis anos, foram essas mesmas corporações que atuaram numa ocorrência semelhante. No dia 16 de maio de 2012 uma onça-parda foi encontrada sobre uma árvore na Avenida Dom Pedro II, numa área movimentada de Caarapó. Esse animal, contudo, foi resgatado por policiais militares ambientais, bombeiros e servidores do Cras numa operação que durou 10 horas.
Diferente do caso ocorrido em Dourados, nesse do passado a onça não caiu sobre a rede de contenção segurada pelos militares. Desacordado, o felino ficou preso aos galhos e precisou ser puxado. No resgate da Vila Rosa, a queda ocorreu como planejado, mas o animal ainda estava acordado e deu um susto em quem presenciou a cena (assista abaixo).
REFÚGIO
Atendida na clínica veterinária da Unigran, a "onça douradense" foi medicada e em seguida reintroduzida no habitat natural, uma mata da região que não foi informada pelas autoridades para segurança do próprio animal.
"Além da conhecida redução do habitat natural, questões sociais desta espécie também devem ser consideradas [para o fato de aparecer na zona urbana do município], pois trata-se de um animal que ocupa um vasto território e o defende literalmente com unhas e dentes. Assim, um jovem macho como esse pode ter sido expulso do espaço ocupado por outro maior e mais forte, procurando assim refúgio na cidade", explicou Zimmermann.