Coletores de lixo estão entre os profissionais que mais sofrem acidentes de trabalho
Mato Grosso do Sul teve mais de 200 ocorrências com esses profissionais no ano passado, segundo a Justiça do Trabalho
A coleta de lixo é um serviço essencial para a saúde pública, mas os garis são a quinta função que mais sofre acidentes de trabalho em Mato Grosso do Sul. No ano passado, foram registrados 248 casos, 60% a mais do que em 2016 quando 155 Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT) foram abertas. A empresa CG Solurb Soluções Ambientais é a primeira na lista dos empregadores com mais acidentes notificados no Estado, com 276 ocorrências no último ano.
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"De acordo com as informações oficiais nós detectamos que esses acidentes acontecem por elementos perfurocortantes, lixo mal acondicionado e a forma como o trabalho é desenvolvido. Os trabalhadores correm segurando o lixo atrás dos caminhões ou ficam pendurados no veículo e isso pode gerar lesões musculares, quedas, fraturas e afastamentos", explica o juiz do trabalho Márcio Alexandre da Silva, que também é gestor regional do Programa Trabalho Seguro do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
O magistrado aponta ainda a responsabilidade da população que pouco utiliza a coleta seletiva e, muitas vezes, acondiciona o lixo de maneira inadequada, provocando ferimentos nos garis. Uma dica é embrulhar vidros quebrados e outros materiais cortantes em papel grosso, como um jornal, ou colocá-los em uma caixa para evitar acidentes. Garrafas e frascos não devem ser misturados com os vidros planos.
Neste mês, várias ações estão sendo realizadas para conscientizar patrões e empregados sobre os riscos no ambiente de trabalho. O Movimento Abril Verde tem como objetivo reduzir o número de acidentes em todo o país. Só em Mato Grosso do Sul foram registrados 7.830 acidentes e 38 mortes em 2017. Além dos óbitos que impactam diretamente as famílias das vítimas, há perdas financeiras com gastos previdenciários e dias de trabalho perdidos com afastamentos.
"O impacto financeiro dos acidentes de trabalho é gigante. Em termos previdenciários, por ano, é uma média de R$ 26 bilhões no Brasil todo com o pagamento de auxílios previdenciários decorrentes de acidentes de trabalho. E esse é o custo direto dos trabalhadores com contratos de trabalho formais. Ainda há um custo muito grande indiretamente que são os trabalhadores informais e os dias perdidos já que esses trabalhadores afastados saem temporariamente do serviço e o empregador fica desfalcado ou tem que contratar outro para repor essa mão de obra. Então há uma série de prejuízos financeiros, além do prejuízo à vida e saúde do trabalhador que é quem mais sofre", alerta o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Leontino Ferreira de Lima Junior.