Internada na ala errada, mulher passa quase 30 dias no HU e morre por infecção
Francisca entrou para uma cirurgia de pedras no rim, passou erroneamente pela ala psiquiátrica e morreu por pneumonia
Morreu no último dia 1º no Hospital Universitário (HU), em Dourados, Francisca Fernandes de 32 anos, depois de passar 25 dias internada. Ela aguardava uma cirurgia para retirada de pedras no rim, mas, foi enviada para a ala psiquiátrica do hospital, onde passou uma semana até que percebessem o engano e a transferissem para o setor competente.
As afirmações são da mãe de Francisca, Ilma Marques, que contou que a filha era deficiente, por isso não andava nem falava. “Eu trouxe a minha filha para fazer uma cirurgia de rim, e levei ela daqui morta por uma doença que ela pegou dentro do hospital”, desabafou Ilma.
Segundo a mãe da vítima, ela deu entrada no hospital no dia 7 de novembro e no dia 1º de dezembro a filha morreu por conta de uma infecção hospitalar, mais precisamente uma pneumonia, conforme informaram os médicos a ela. “Passei todos esses dias internada junto com ela, 24 horas cuidando da minha filha, perguntando para médicos e enfermeiros o motivo de tanta demora e continuando sem nenhuma resposta. Eles jogaram a minha menina lá no fundo do hospital, na ala psiquiátrica e quando eu fui reclamar, depois de uma semana, é que eles se deram conta que ela não era para estar lá. Quer dizer, perdemos uma semana sem fazer nenhum exame”, concluiu.
Francisca começou a apresentar problemas de saúde no final de outubro, quando os pais perceberam que ela sentia dores. À partir de então Ilma começou uma verdadeira jornada para conseguir atendimento médico em Dourados. Conforme relatou Ilma, a filha passou primeiramente pelo Posto de Saúde da Família (PSF), do bairro onde mora, depois pelo Hospital da Vida (HV), seguido pelo Pronto Atendimento Médico (PAM) e acabou retornando ao primeiro posto de saúde, pois não conseguiu atendimento nos locais por onde passou. A família somente conseguiu internar a filha após uma ordem judicial.
“Andamos para cima e para baixo, pensei, ‘em casa é que não vou ficar de braços cruzados’, então paguei a ultrassonografia particular, fiz de tudo para que ela conseguisse atendimento rápido e fizesse a cirurgia, mas, de que adiantou? Parece que pra gente que é pobre nada acontece. Eu pensava se tivesse dinheiro não tava aqui, se tivesse dinheiro minha filha não tinha morrido”, declarou.
A reportagem da 94FM entrou em contato com a direção Hospital Universitário, mas não obteve nenhuma resposta.