Morte na PED é desfecho de barbáries que chocaram Dourados ao longo de 2017

Assasino de Camilo, Juliander foi preso porque a Justiça o considera "pessoa violenta, com grande possibilidade de voltar a delinquir, em clara ameaça à sociedade"

Morto em uma cela da PED, Camilo era esquizofrênico e havia sido preso por matar a própria mãe em desembro de 2017 (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)
Morto em uma cela da PED, Camilo era esquizofrênico e havia sido preso por matar a própria mãe em desembro de 2017 (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)

O assassinato de Camilo Vinícius D'amico Freitas, de 37 anos, morto na noite de quarta-feira (28) pelo companheiro de cela, Juliander de Oliveira Alcântara, de 28 anos, na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), é o desfecho de dois crimes bárbaros que chocaram a cidade em 2017. Ambos estavam encarcerados por homicídios que cometeram no intervalo de 10 meses.

Conforme já noticiado pela 94FM, Camilo dividia a cela com Juliander e mais dois presos. Esquizofrênico, costumava ter surtos, ocasiões em que era amarrado e tinha a boca tapada com um pano pelo autor. Foi na mais recente crise que essa contenção causou a morte. (saiba mais)

No dia 12 de dezembro de 2017, policiais acionados por vizinhos que encontraram uma mão decepada sobre a calçada na Rua Antonio Spoladore, no Parque Alvorada, entraram no imóvel e descobriram que um homem de 33 anos havia supostamente assassinado a própria mãe a facadas.

Pierina Maria D'Amico foi encontrada nua no quarto da casa, com as vísceras expostas. As equipes policiais decidiram entrar no imóvel depois que o filho dela, Camilo Vinicius D'Amico Freitas, apareceu no quintal com as mãos lesionadas e disse que a mãe estava dormindo.

Por ser paciente psiquiátrico - sofre de esquizofrenia -, foi sedado por uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que o encaminhou para o Hospital Universitário.

Em audiência de custódia, juiz determinou que Camilo fosse internado em hospital psiquiátrico (Foto: Adilson Domingos/Arquivo)
Em audiência de custódia, juiz determinou que Camilo fosse internado em hospital psiquiátrico (Foto: Adilson Domingos/Arquivo)

No dia seguinte, durante audiência de custódia no Fórum de Dourados, a Justiça determinou que ele fosse internado no Hospital Nosso Lar, autodeclarado "um Departamento do Centro Espírita Discípulos de Jesus, entidade com fins Filantrópicos para tratamento de pessoas com doenças psiquiátricas e mentais", instalado em Campo Grande. (relembre)

Mas não havia vagas e Camilo foi levado para a PED.

No maior presídio de Mato Grosso do Sul, localizado na mais populosa cidade do interior, ele acabou por dividir cela com  Juliander de Oliveira Alcântara, preso desde o dia 17 de fevereiro de 2017 pelo assassinato, dois dias antes, do próprio advogado Valmir Leite Júnior, encontrado carbonizado no porta-malas do próprio carro, localizado em chamas um dia antes no bairro Estrela Verá, em Dourados.

Juliander havia sido preso em 17 de fevereiro de 2017 por matar o próprio advogado (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)
Juliander havia sido preso em 17 de fevereiro de 2017 por matar o próprio advogado (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)

Submetido ao Tribunal do Júri na tarde de 27 de março de 2018, ele foi condenado a 20 anos e oito meses de reclusão em regime inicial fechado pelos crimes de homicídio e ocultação do cadáver. (veja mais)

A denúncia oferecida pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) o acusou de ter desferido golpes de arma branca contra Valmir Leite Júnior. “O motivo fora fútil, não aceitar que a vítima o repreendesse sobre o andamento do seu processo, além do recurso que dificultou a defesa, ataque de surpresa quando o ofendido urinava em local pouco movimentado e no período noturno. Após o homicídio, o réu destruiu o cadáver da vítima, carbonizando-o no interior do porta-malas de um veículo”, relatou o juiz Cesar de Souza Lima na sentença condenatória.

Naquela decisão, o magistrado considerou “necessária a manutenção da segregação cautelar do réu” “para garantia da ordem e aplicação da lei penal”. “O acusado aguardou o julgamento preso, registra diversas passagens policiais, inclusive por homicídio tentado, era foragido do sistema penal, fatos que demonstram a alta periculosidade do denunciado e que é pessoa violenta, com grande possibilidade de voltar a delinquir, em clara ameaça à sociedade”, sentenciou, três anos do réu voltar a matar, agora dentro da cadeia.

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