Investigado na 'Lama Asfáltica' tem salas secretas e portas de aço em MS

Empresário João Amorim é suspeito de esquema em obras públicas, diz PF. Operação investiga fraudes em contratos entre empreiteiras e governo.

Investigado na 'Lama Asfáltica' tem salas secretas e portas de aço em MS

A investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) durante a Operação Lama Asfáltica encontrou compartimentos secretos na casa do empreiteiro João Amorim, dono da Proteco. A empesa está sob suspeita de ter sido beneficiada pelo esquema milionário entre empreiteiras e políticos e o empresário é investigado por movimentar milhões de reais em contratos de obras públicas, além de atuar nos bastidores da política.

Durante operação Lama Asfáltica policiais cumpriram mandados de busca em diversos locais. Entre eles, a casa do empreiteiro João Amorim, em Campo Grande, onde a PF encontrou várias salas secretas, compartimentos lacrados com portas de ferro e aço.

Os chamados 'bunkers' tinham teto com abertura por sistema de controle remoto e ficavam escondidos atrás de armários, no escritório de João Amorim e em quartos da casa dele. Essas salas eram usadas para guardar documentos na casa do empresário. No dia da operação, também foram apreendidos documentos na Proteco.

Investigado na 'Lama Asfáltica' tem salas secretas e portas de aço em MS (Foto: Reprodução/ TV Morena) Casa do empresário João Amorim
(Foto: Reprodução/ TV Morena)

A polícia não divulgou detalhes sobre o que foi encontrado dentro desses bunkers. As investigações também mostram gravações de negociações para conseguir benefícios nas licitações do governo do estado.

A investigação da Polícia Federal também aponta indícios de participação de membros do poder legislativo.

Escutas telefônicas revelam vereadores conversando com empreiteiros e combinando como votariam na sessão que cassou o mandato do prefeito Alcides Bernal em 2014, por irregularidades em contratações emergenciais.

Eles até contavam votos a favor e "tomavam muito café juntos". Para a Polícia Federal, esses encontros de políticos com o empreiteiro João Amorim iam além de um "cafézinho". Esse seria o código para eles se encontrarem em pegar o dinheiro da propina.

Segundo a investigação, João Amorim controlava não só empreiteiras, mas também fraudava licitações e interferia nas escolhas políticas de Campo Grande.

A Polícia Federal, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Receita Federal montaram uma força-tarefa com técnicos e peritos para analisar toda a documentação e os computadores apreendidos durante a Operação Lama Asfáltica. Esse trabalho deve durar vários meses.

Operação
A operação Lama Asfáltica foi deflagrada em 9 de julho, cumprindo 19 mandados de busca e apreensão em residências de investigados e em empresas. A Polícia Federal (PF) e a Receita Federal também foram à Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra).

Funcionários não puderam entrar para trabalhar e foram dispensados. De acordo com o secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, quatro servidores foram afastados.

Em nota, a assessoria do governo do estado disse que o afastamento foi por determinação judicial e que “vai tomar todas as providências administrativas cabíveis para averiguar os fatos e garantir a lisura de todos os procedimentos realizados pelo órgão”.

Na nota, a assessoria diz ainda que a operação não tem relação com a atual gestão e que o Executivo está “totalmente à disposição” para apoiar a investigação e vai acompanhar a evolução das apurações.

Fraude
Conforme a Receita Federal, as investigações que resultaram na operação Lama Asfáltica começaram há dois anos. Naquela época houve a suspeita de que importante empresário do estado e pessoas ligadas a ele estaria corrompendo servidores públicos, fraudando licitações e desviando recursos públicos.

De acordo com divulgado pela Receita, o grupo agia voltado a licitações. A suspeita é de que empresários recebiam valores supostamente superfaturados e, em contrapartida, repassavam parte dos lucros que, por sua vez, eram entregues a servidores coniventes com tal direcionamento e com os sobrepreços.

 Segundo a PF, os prejuízos aos cofres públicos somam, aproximadamente, R$ 11 milhões, de um montante de R$ 45 milhões fiscalizados. Foram identificadas ainda vultuosas doações de campanhas à candidatura de um dos principais envolvidos.

Nos dois anos de investigação foram encontrados indícios de prática de diversos crimes, tais como sonegação fiscal, formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva e fraudes à licitação.

A operação é desencadeada pela Receita Federal do Brasil (RFB), PF, Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público Federal (MPF). O nome da operação faz referência a um dos insumos utilizados nas obras identificadas durante as investigações com evidências de serem superfaturadas.

Segundo a PF, a suposta organização criminosa atua no ramo de pavimentação de rodovias, construção de vias públicas, coleta de lixo e limpeza urbana, entre outros.

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