Mãe acorrenta filho viciado em drogas em MS
Quando não são os gritos do filho, ela atende pessoas que batem à porta de sua casa para cobrar dívidas
A dona de casa Marilene Alves Leôncio, de 53 anos, decidiu acorrentar o filho em uma tentativa desesperada para que ele fique longe das drogas. O drama familiar acontece na Vila Planalto, em Caarapó, município distante a 273 quilômetros da Capital.
Segundo informações do site Caarapó News, Marilene tomou essa decisão na segunda-feira (3) à noite, para não deixar o filho sair de casa. Para ajudar o filho de 26 anos a se livrar do crack, ela procurou ajuda na imprensa e com políticos, mas ela esbarra na dificuldade em encontrar uma vaga para internação.
"Toda vez que procuro internação a resposta é a mesma: não há vagas. Não dá para deixar ele assim. Estou com medo, quero salvar meu filho", afirmou Marilene, que não tem condições de pagar um tratamento particular.
A mãe conta que o filho ficou furioso com as correntes, mas esta foi a única solução que ela encontrou para que ele não saísse de casa. "Ele está nervoso, agressivo, faz ameaças e tentou estourar o cadeado, só não conseguiu porque os seus irmãos ficam em cima. É difícil ver ele assim, mas foi a única maneira que encontrei para que não matem ele na rua", desabafou Marilene.
Ela contou que não tem um minuto de sossego em sua casa. Quando não são os gritos do filho, ela atende pessoas que batem à porta de sua casa para cobrar dívidas de drogas e alguns chegam a ameaçar a vida do filho. "Ele pega celular e as coisas das pessoas, vende e fuma tudo em droga. Eles já me avisaram que vão matar meu filho e não vão perdoar. Preciso salvá-lo e arrumar logo uma clínica para ele deixar as drogas", afirmou a mãe.
Para o psicólogo Rodrigo Kenji Miyasaki de Souza a internação não é a única forma de tratamento para dependência química. "No Estado temos os Centros de Atenção Psicossocial no Mato Grosso do Sul (Capes), que oferecem tratamento para dependência", afirmou Rodrigo Miyasaki. Ele ressaltou que são vários os fatores que levam à dependência, como biológico, emocional e social. "Quanto mais fragilizada a pessoa está, mais ela vai buscar um escape nas drogas ou no álcool", afirmou Rodrigo. "Por isso, somente a internação pode trazer um alívio momentâneo, mas o ideal é que a pessoa seja tratada como um todo e não apenas a dependência", ressaltou.