Câmera flagra policiais assistindo ao espancamento de torcedor do Fla
Durante briga entre flamenguistas e são-paulinos, sete agentes presenciam agressões, mas não evitam, mesmo com apelo: 'Vai deixar matar, PM?'
As imagens de um torcedor do Flamengo sendo agredido no chão por membros de uma torcida organizada do São Paulo em frente ao Estádio Mané Garrincha, em Brasília, mostraram que pelo menos um policial assistiu à agressão sem conter a briga. Porém, analisadas com mais cautela, é possível perceber que mais seis agentes também estão próximos da cena, sem evitar que o flamenguista de 38 anos fosse espancado antes da partida entre as equipe na tarde do último domingo.
Simpatizantes dos dois clubes se provocavam antes do conflito. Um grupo de são-paulinos, que estava do lado de fora da grade, invadiu o espaço e começou a agredir alguns flamenguistas. Armados com pedras, cones e mesas de ferro, eles atravessaram o portão que separava as torcidas. No estacionamento, a confusão com os flamenguistas aconteceu próximo ao ônibus da polícia militar. Um torcedor é cercado, espancado e, já caído no chão, ainda é atingido por socos e pontapés sob os olhares de um policial - de acordo com o chefe de estado-maior da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Adilson Evangelista, não é possível "dizer de imediato se houve falha ou não". Segundo Evangelista, a PM do DF vai rever atuação em jogos no Mané Garrincha.
Apesar dos chutes, a maior parte dos ferimentos foram causados por barras de ferro, retiradas da estrutura que protegia o estacionamento. Ele seguiu para o Hospital de Base com fraturas na mandíbula e lesões na testa e no queixo. O policial que estava ao lado da confusão, não reagiu como outra pessoa que estava por perto e cobrou ação da polícia.
- Vai deixar matar, PM? Dá tiro para cima aí! Vai deixar matar, cara! - disse alguém que assistia ao espancamento.
Próximo ao PM que aparece nitidamente nas imagens, havia outros seis policiais que observavam uma outra briga bem ao lado. O reforço só chegou com a cavalaria, foi quando os torcedores do São Paulo recuaram. Horas após o conflito, representantes das duas torcidas organizadas suspeitas de terem participado da confusão prestaram depoimento na 5ª DP. O chefe de estado-maior da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Adilson Evangelista, afirmou na manhã desta segunda que houve “retardo” na ação dos policiais para conter a briga de torcedores no lado de fora do estádio.
Funcionários do estádio que presenciaram a confusão reconheceram na delegacia três pessoas suspeitas de participar da agressão ao torcedor do Flamengo. Todos vieram de São Paulo e fazem parte da Independente, a maior torcida organizada do time paulista. Dentre eles, Genivaldo da Silva, 34 anos; Moisés Oliveira Paulino, o "Careca", 46 anos; e o presidente da torcida, Ricardo Alves Maia, o "Negão", de 37 anos. De acordo com a polícia eles foram presos em flagrante por lesão corporal grave e passaram a madrugada na delegacia. Todos os envolvidos no tumulto têm passagem pela polícia segundo nota da Coordenadoria de Comunicação para a Copa do Distrito Federal, que também informou que o efetivo da polícia para a partida era de mais de 600 policiais, além de outros 400 do corpo de segurança.
A chefia da equipe do Hospital de Base informou na manhã desta segunda-feira que o torcedor do Flamengo agredido quebrou o maxilar mas já está se recuperando de uma cirurgia feita durante a madrugada desta segunda-feira. Ele encontra-se estável, sem correr qualquer risco.