Rússia vive boom de youtubers pagos por fãs para cometer tortura e outras violências
Em dezembro do ano passado, o youtuber Stas Reeflay matou a namorada ao deixá-la apenas de lingerie na varanda do seu apartamento para o deleite dos seus muitos fãs, que acompanhavam a cena em transmissão ao vivo. O bizarro caso envolvendo o influencer russo, que acabou preso, não é isolado. Muito pelo contrário.
Está crescendo na Rússia um mercado na internet em que pessoas pagam para que youtubers e vloggers façam barbaridades, como cometer tortura, enterrar pessoas vivas e até matar. Tudo pela audiência, convertida em rublos, a moeda local. A modalidade clandestina é conhecida como "streaming de lixo". O nome não poderia ser mais apropriado.
Cada transmissão começa com um roteiro apresentado pelo youtuber. Ao longo dela, tudo pode mudar. Os fãs vão pedindo que ele faça coisas com as suas vítimas, que, argumentam os responsáveis pelas lives, são todas voluntárias (também em troca de dinheiro), que muitas vezes são pessoas vulneráveis e sem teto. A cada pedido atendido, o dono do canal recebe mais doações via plataformas de transferência de dinheiro. Mesmo com os apelos de socorro das vítimas arrependidas, o "número" raramente é paralisado.
Autoridades russas e plataformas de vídeo estão preocupadas com a popularização do serviço, mas os youtubers e vloggers têm sido hábeis para contornar as proibições, algumas vezes migrando para plataformas obscuras até que ganhem tempo para retornar ao ambiente original. Um deles, conhecido como Mellstroy, chegou a ser banido do YouTube ao transmitir um vídeo em que bate a cabela de uma mulher contra uma mesa seguidas vezes, enquanto os fãs, do outro lado da tela pediam e financiavam mais violência.
Parlamentares querem criar um cadastro de youtubers a fim de fiscalizá-los, banindo os violentos, e até cobrar impostos pelas doações durante as atividades, contou o "Sun".