EI prepara "ataques em grande escala" na Europa, adverte Europol
O grupo Estado Islâmico desenvolveu uma "capacidade de combate para realizar uma nova campanha de ataques em grande escala com um foco particular na Europa", advertiu nesta segunda-feira (25) o diretor da Europol, Rob Wainwright.
Segundo um relatório da Europol apresentado por Wainwright e difundido nesta segunda-feira junto com a inauguração de um novo centro antiterrorista, os analistas da agência acreditam que o EI "preparam novos ataques (...) nos Estados membros da UE e, em particular, na França".
Em coletiva de imprensa, à margem de uma reunião de ministros do Interior da UE em Amsterdã, Wainwright enfatizou que "o chamado Estado Islâmico tem disposição e capacidade para realizar mais ataques na Europa e, supostamente, toda as autoridades nacionais trabalham para evitar isso".
"Os ataques de Paris ilustram esta nova ameaça", acrescentou.
O relatório, que reúne as conclusões de um seminário de especialistas realizado três semanas depois dos ataques de Paris que deixaram 130 mortos e centenas de feridos, foi apresentado pelo diretor da Europol.
Nele, os especialistas falam das mudanças no 'modus operandi' do grupo jihadista que parece capaz de passar à ação quando deseja, em qualquer lugar do mundo, para realizar ataques "complexos e bem coordenados", utilizando combatentes locais que conhecem o terreno.
"Os combatentes locais do Estado Islâmico têm uma liberdade tática de adaptar seus planos a circunstâncias locais específicas, o que soma uma dificuldade a mais às autoridades para detectar esses planos e identificar as pessoas envolvidas", assinala o estudo.
"Os ataques estarão dirigidos com prioridade para objetivos fáceis, pelo impacto que geram", afirma ainda.
O relatório enfatiza que sem informações de inteligência concretas, "as atividades, os contatos e as viagens de terroristas conhecidos é quase impossível prever com exatidão quando e onde ocorrerá o próximo ataque".
O diretor da Europol, Rob Wainwright, apresentou, ao mesmo tempo, o novo centro europeu antiterrorismo, com sede em Haia, e que atualmente conta com 40 analistas que serão reforçados nos próximos meses.
"Eles se focarão em particular na comunidade de 5.000 cidadãos europeus que se radicalizaram no conflito na Síria e no Iraque, dos quais muitos regressaram, o que cria um grande risco de segurança", concluiu.
O EI publicou no domingo um vídeo, no qual afirma apresentar os nove autores dos atentados que deixaram 130 mortos em Paris em 13 de novembro do ano passado.
Na gravação, o EI ameaça todos os países da "coalizão", sobretudo a Grã-Bretanha.
Segundo o vídeo, intitulado "Mate-os onde quer que os encontre", os envolvidos são quatro belgas, três franceses e dois iraquianos.
Publicado pelo braço midiático do EI, o Centro de Mídia Al Hayat, as imagens mostram os supostos autores cometendo atrocidades, como decapitações e execuções à queima-roupa de pessoas apresentadas como reféns.
Expressando-se em árabe e em francês, vários deles dizem que "a mensagem é dirigida a todos os países que participam da coalizão" liderada pelos Estados Unidos. Desde setembro de 2014, estas nações intervêm contra o EI na Síria e no Iraque.
O vídeo também mostra um retrato do primeiro-ministro britânico, David Cameron, acompanhado de uma legenda em inglês que diz: "quem quer que se alinhe com os infiéis será alvo das nossas espadas".
Além disso, os nove membros são descritos como "leões", que "puseram a França de joelhos".
Entre as imagens, há passagens dos atentados de Paris e das operações da Segurança francesa após os ataques.
O presidente francês, François Hollande, afirmou que "nenhuma ameaça fará a França hesitar", em uma resposta à divulgação do vídeo.
Já o gabinete do primeiro-ministro britânico David Cameron minimizou as ameaças do grupo contra o Reino Unido em seu novo vídeo e afirmou que a organização jihadistas está em declive.
"Estamos no processo de examinar este último vídeo de propaganda que é claramente um novo gesto do grupo terrorista abominável e que está claramente em declive e retirada", afirmou à imprensa um porta-voz de Cameron.