Arábia Saudita condena à morte três irmãos que se recusaram a deixar a sua terra para a construção de cidade futurística
Três irmãos da etnia Howeitat (também conhecida como al-Huwaitat) foram condenados à morte na Arábia Saudita por se recusarem a deixar a sua terra.
Os homens foram convidados a deixar suas residências para dar lugar a NEOM, uma cidade-estado futurística estimada em US$ 500 bilhões (R$ 2,6 trilhões) e criada pelo príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman.
A tribo Howeitat reside há séculos em cidades e vilas no noroeste da Arábia Saudita.
Shadli, Attaullah e Ibrahim al-Howeitat foram condenados em outubro, mas só agora as penas foram reveladas. A sentença foi proferida pelo Tribunal Criminal Especializado da Arábia Saudita, que é usado principalmente pelo reino para processar dissidentes e ativistas de direitos humanos.
Eles foram presos em 2020, juntamente com outros integrantes dos Howeitat, de acordo com reportagem do site "VICE". Outros detidos foram condenados a 50 anos de prisão pelo mesmo "crime".
Em abril de 2020, Abdul Rahim, irmão dos três condenados, foi baleado e morto pelas forças especiais sauditas depois de usar sua última postagem em mídia social para criticar o despejo compulsório. Ele acusou o governo saudita de fazer "terrorismo de Estado".
Anunciada em meados de outubro de 2017, NEOM vai abranger uma extensa área de 26.500 km², que vai da fronteira com a Jordânia e até o Mar Vermelho e o Golfo de Aqaba. A cidade será totalmente abastecida com energias renováveis, diminuindo assim a dependência do petróleo. Com financiamento estatal e da iniciativa privada, NEOM é uma das maiores apostas do governo saudita para desvincular a sua economia da exploração do petróleo.
A arquitetura dos prédios, que parecem saídos de filmes de ficção científica, receberá a decoração ao estilo marroquino, com azulejos coloridos e desenhos islâmicos. A luxuosa comunidade contará também com parques temáticos, helipontos, marina, campo de golfe e muita área verde.