Mesmo com 'guerra' contra o Aedes aegypti, casos suspeitos de dengue saltam de 31 para 150 em Dourados

  • André Bento
Servidor da Prefeitura de Dourados trabalha no combate ao mosquito transmissor da dengue durante mutirão (Assecom)
Servidor da Prefeitura de Dourados trabalha no combate ao mosquito transmissor da dengue durante mutirão (Assecom)

Dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde) revelam que os casos suspeitos de dengue em Dourados saltaram de 31 para 150 da primeira para a segunda semana de 2016. Embora o município ainda tenha baixa incidência da doença, o crescimento de notificações chegou a 400% justamente num período em que a prefeitura diz estar em guerra contra o Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.

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Conforme o Boletim Epidemiológico número 2, relativo às notificações obtidas pela SES de 10 a 16 de janeiro, com 207.498 moradores Dourados ainda está com baixa incidência (72,3%). Isso porque são divididos 100 casos para cada 100 mil habitantes. De 100% a 300% considera-se incidência média e acima disso já é classificado um índice alto.

Contudo, se a incidência de casos suspeitos em Dourados ainda não é considerada alta pelas autoridades sanitárias, os números indicam que a doença pode estar fora de controle no município. No boletim epidemiológico número 1, relativo às notificações de 3 a 9 de janeiro, eram apenas 31 casos suspeitos. A incidência não passava de 14,9%.

De uma semana para a outra as notificações cresceram 400%. Essa explosão de casos suspeitos ocorreu justamente no período em que a prefeitura lançou mutirões de combate ao Aedes aegypti pela cidade. A administração municipal declarou guerra ao mosquito transmissor da doença (ele também transmite o Zika vírus e a Febre Chikungunya) após constatar que o IIP (Índice de Infestação Predial) atingiu 4,3% no município, nível considerado de risco pelo Ministério da Saúde.

Nesta quinta-feira (21), durante aquela que foi considerada pela prefeitura “a primeira grande força-tarefa” no combate ao Aedes aegypti, 62 focos do mosquito foram encontrados e eliminados em meio a 3.585 imóveis fiscalizados na região do Jardim Santa Brígida e Piratininga. Embora tenha considerado baixo o IIP de 1,74% nesses locais fiscalizados, a coordenadora do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), Rosana Alexandre da Silva, ressalta a importância dos mutirões e da conscientização popular para evitar a proliferação do mosquito.

E nesse trabalho de combate ao Aedes aegypti a prefeitura tem encontrado obstáculos inesperados. Na semana passada o CCZ precisou notificar via Diário Oficial do Município um ex-secretário municipal e até um promotor que já atuou em Defesa do Meio Ambiente na Comarca. Conforme a publicação, ambos mantinham terrenos sujos, em condições ideais para a proliferação do mosquito.

Além do trabalho conjunto entre agentes de endemias da Secretaria Municipal de Saúde e até de militares do Exército, a prefeitura tem aplicado multas com base na Lei da Dengue e Febre Amarela de 10 de abril de 2006. Segundo a administração municipal, “os responsáveis pelos imóveis onde foram localizados os focos podem ser multados” e “os valores variam entre R$ 500,00 a R$ 800,00 que dobra em caso de reincidências”.

Ainda de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, das 17 mortes provocadas pela dengue este ano em Mato Grosso do Sul três foram de moradores de Dourados.

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