Mãe obrigou adolescente a tomar medicamentos para abortar, diz polícia

A Polícia Civil de Campo Grande concluiu que a mãe da adolescente de 17 anos que abortou um feto de cinco meses em março, no bairro Guanandi, região sul da Capital, foi a mentora do crime e obrigou a própria filha a tomar grandes doses de medicamentos abortivos.
A versão foi explicada na manhã desta terça-feira (16) pela delegada Aline Sinott, titular da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), responsável pela invéstigação do caso e condução da operação onde a acusada, uma consultora de vendas, de 37 anos, e outras duas pessoas, um pedreiro, de 39, e uma enfermeira, de 38, foram presos nesta manhã. Nenhum dos detidos teve o nome revelado.
Segundo a polícia, a mãe obrigou a adolescente a consumir oito comprimidos de Cytotec, medicamento com efeito abortivo cuja venda e distribuição são proibidos no Brasil, na noite do dia 13 daquele mês, cinco dias após ficar sabendo da gravidez.
“A adolescente ficou extremamente debilitada. A primeira dosagem (no dia 13), com quatro comprimidos não deu certo e ela repetiu no dia seguinte”, disse a delegada Aline.
Caso – Conforme o Campo Grande News já noticiou na época, o crime foi denunciado pelo ex-namorado da adolescente, de 27 anos. Na ocasião ele entregou áudios de conversas por celular com a mãe se posicionando contra a gravidez.
“Nós chegamos (na casa da família) e a cova nos fundos do imóvel tinha acabado de ser feita”, completou a delegada. Segundo ela, apesar da jovem ter confessado na ocasião o aborto após dizer que ficou dois dias sem comer tomando chá de buchinha (uma erva natural da Região Norte do Brasil), haviam indícios fortes da história ser falsa: a bebida é ineficaz como abortivo com um feto já em idade avançada e, debilitada, a adolescente não conseguiria cavar uma cova der 1,20 metros de profundidade sozinha, sem ficar com sequelas.
“A menina não queria (o aborto). Ela enterrou o corpo com muito zelo, rosas e um terço, meio que fez um velório”, disse Aline.