Empresa lucra com aluguel de namorados e ficantes falsos no Facebook
De acordo com o consultor, as pessoas projetam nas redes sociais uma imagem de quem são e de como querem ser percebidas
O exibicionismo das pessoas na internet e a vontade de alguns de causar ciúmes em namorados, ex-namorados ou ficantes motivaram o empreendedor Flávio Estevam, 32, a criar o site Namoro Fake e alugar namorados virtuais falsos para interagir com usuários do Facebook.
O empresário também é criador do site Amigo Fake, onde as pessoas recebem elogios para fazer marketing pessoal e turbinar sua carreira ou vender produtos, por exemplo.
O Namoro Fake está no ar desde janeiro deste ano e conta com 10 mil clientes cadastrados. Desses, 20% contratam os serviços do Namoro Fake com frequência. É possível escolher entre os pacotes ficante, ex-namorado (a), namorado (a) virtual e namorado (o) top.
A diferença entre eles é o número de comentários e o período que serão postados (dias ou semanas). A duração dos planos varia de três a 30 dias. O número de postagens também varia de três a 30 comentários do falso namorado ou ficante na página do contratante no Facebook.
Os preços vão de R$ 10 (por um ficante de três dias e com três comentários) a R$ 120, no caso do pacote namorado (a) top, (para uma mulher ou homem considerados com uma beleza fora do padrão postar cinco comentários por dia durante cinco dias). O pagamento é feito somente por cartão de crédito.
O pacote mais vendido é o de ficante, que também é o mais barato. O empreendedor conta que alguns clientes compram duas ou três vezes ao mesmo tempo esse pacote. A maioria (45,9%) dos clientes é homem e solteiro. Há, ainda, o grupo de homens comprometidos que querem causar ciúmes na parceira. Eles somam 27%. O restante (27,10%) é de mulheres.
"Eles escolhem garotas para dar em cima deles na rede social e dispensar uma delas para os amigos acompanharem os diálogos. Coisas de homem", diz Estevam.
O empreendedor teve a ideia de criar o Namoro Fake ao observar os perfis dos usuários do Facebook e a experiência de um amigo. Ele conta que o amigo queria causar ciúmes na ex-namorada e postava comentários sobre um caso que estava tendo com outra mulher na sua própria página no Facebook.
Os comentários não surtiram tanto efeito porque nem a ex-namorada e nem os amigos acreditaram muito. Foi quando ele teve a ideia de pedir para uma amiga se passar pela nova ficante e escrever um comentário confirmando a versão dele na rede. O negócio deu certo e o amigo conseguiu reatar o namoro.
Redes sociais podem gerar negócios
Observar o comportamento das pessoas nas redes sociais é uma maneira de os empreendedores identificarem uma oportunidade de negócio e de as empresas melhorarem sua comunicação, segundo Gabriel Borges, sócio da Ampfy, agência de comunicação especializada em mídias sociais.
Borges diz que as pessoas reproduzem nas redes sociais o mesmo comportamento que têm fora dela e isso pode ajudar a encontrar soluções de mercado ou a identificar um nicho de trabalho, por exemplo.
De acordo com o consultor, as pessoas projetam nas redes sociais uma imagem de quem são e de como querem ser percebidas. "Isso ocorre no mundo real quando escolhemos a roupa que vamos vestir. O comportamento é o mesmo, independentemente da rede", afirma.
Empresas e marcas também oferecem isso às pessoas nas redes sociais, diz o especialista. "As marcas criam conteúdos para as pessoas compartilharem e mostrarem para seus amigos que elas se relacionam com aquela marca ou com aquele produto, que têm determinado estilo de vida."
Experiência em criação de sites barateou custo da empresa
Antes de abrir o Namoro Fake, Estevam já atuava na área de criação e desenvolvimento de sites. Com isso, ele conseguiu montar a página da empresa em cinco dias e gastando apenas R$ 30 com o registro do endereço do site.
Porém, se fosse contratar um profissional para desenvolver o projeto, o custo teria sido em torno de R$ 20 mil, entre sistema operacional, criação da logomarca, inserção de formas de pagamento, entre outros.
Com investimento inicial tão baixo, o retorno veio rápido. "Tivemos 10 mil clientes cadastrados em dois meses. A operação já começou no azul."
Site será levado para outros países
A equipe responsável pelo site conta hoje com quatro pessoas, incluindo os sócios Flávio Estevam e Kenneth Corrêa, que se dedicam ao negócio. O objetivo da dupla é expandir a atuação do Namoro Fake para outros países.
Estevam diz que já recebeu propostas de compra do site, mas está fazendo parcerias para internacionalizar o negócio. "Queremos chegar a 2014 atuando em seis países. Estamos negociando com Estados Unidos, Rússia, Portugal, Reino Unido e outros países da Europa."
O serviço gerou polêmica desde seu lançamento, mas Estevam rebate as críticas. "As pessoas deixam de viver o mundo real para viver o mundo online. Elas querem se exibir, querem mostrar o que não são. O Namoro Fake as ajuda a se sentirem melhor", declara.
Donos de perfis contratados ganham dinheiro
Há uma área no site para cadastro de pessoas interessadas em se passar por namoradas ou namorados falsos. O pré-requisito essencial é ter um perfil real, para tornar as coisas mais convincentes. Se for contratada por um cliente, a pessoa ganha metade do valor do plano adquirido.
Segundo Estevam, ao todo o site conta com 10 mil candidatos para o cliente escolher. "A pessoa vai fazer o que ela faz todos os dias, que é postar no Facebook, só que vai ganhar para isso", diz o empreendedor.