Brasileiro ainda resiste à bike, revela estudo

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Ciclistas vão às ruas em busca de espaços seguros e respeito em Belo Horizonte (Reprodução)
Ciclistas vão às ruas em busca de espaços seguros e respeito em Belo Horizonte (Reprodução)

O preço da bicicleta no Brasil é menor do que em vários países europeus onde o uso desse tipo de transporte é maior. Na Dinamarca, por exemplo, o valor médio das mais vendidas na internet é de R$ 3.023, e 80% da população têm bicicleta. Já no Brasil, onde o valor é quase quatro vezes mais baixo, de R$ 805, a parcela de habitantes que possui o veículo é quase três vezes menor – 30%. Os dados são do estudo divulgado nesta semana pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Bicicletas e Similares (Abraciclo).

A principal justificativa para o uso reduzido de bicicletas no país, segundo o estudo, é a falta de infraestrutura adequada. Enquanto Berlim, na Alemanha, conta com mais de 750 km de estrutura cicloviária, Belo Horizonte tem 74,42 km. Para o consultor em transporte e trânsito Osias Batista Neto, o problema é cultural. “Comparado com a Europa, que investe nesse sistema desde a década de 1970, o Brasil está começando agora”, afirmou.

Segundo ele, para mudar essa situação, é necessário, além do investimento em infraestrutura, a distribuição de informação sobre o assunto, por meio de campanhas educativas. “Os ciclistas não são respeitados nem dentro das ciclovias, e isso só vai mudar quando houver esclarecimento da população”, disse.

Para o ciclista Augusto Schmidt, 22, membro da Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo), o problema é a valorização do automóvel, apesar de o investimento no transporte por carro ser mais alto e gerar mais danos ao meio ambiente do que as bicicletas. “Investe-se muito mais em infraestrutura para carros, enquanto falta ciclovia, paraciclo e, principalmente, informação sobre o ciclismo”, afirmou.

De acordo com o estudo, apenas 1% do total da malha viária brasileira é composto por ciclovias. “O melhor meio de quebrarmos a ‘cultura do automóvel’ é implementando infraestrutura dedicada à bicicleta nas cidades. Só assim a bicicleta será definitivamente integrada como uma alternativa real de mobilidade urbana”, afirmou o vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, Eduardo Musa.

A meta da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) é que 380 km de rotas cicloviárias sejam implantadas até 2020. Até o próximo ano, mais de 200 km devem estar concluídos. Com isso, segundo nota da empresa, “a expectativa é que 6% de todos os deslocamentos da capital se deem por meio do uso da bicicleta”.

Segundo os dados da Abraciclo, na cidade de Tianjin, na China, 77% dos deslocamentos diários já são feitos pela magrela, o maior percentual do planeta.

No entanto, para o ciclista Vinicius Mundim, 32, do movimento BH em Ciclo, o preço é, sim, obstáculo. “Tem para todos os bolsos. Mas mesmo os modelos mais em conta poderiam ser mais baratos, se não houvesse tanto imposto”, disse. Segundo ele, entre 35% e 43% do valor total das magrelas são de carga tributária. “Dependendo to tipo de bike, fica mais barato comprar de fora do país”, afirmou.

Para a economista-chefe da Rosenberg Associados, parceira da Abraciclo no estudo, baixar o preço do produto não aumentaria o consumo. “Reduzir o Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto de Importação, além de ter um impacto pequeno sobre o preço do produto, apenas beneficiaria a importação em detrimento da produção brasileira”, afirmou.

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