Porto Murtinho registra 1ª adoção de grupo de irmãos

As famílias adotivas vieram de longe, uma do interior do Paraná e outra do interior de São Paulo

  • Assessoria/TJ-MS
Imagem ilustrativa/Foto: Reprodução/TJ-MS
Imagem ilustrativa/Foto: Reprodução/TJ-MS

Porto Murtinho foi palco de duas histórias inspiradoras de crianças adotadas, registrando a primeira adoção pelo cadastro de grupos de irmãos que estavam acolhidos na Casa Lar há anos. As famílias adotivas vieram de longe, uma do interior do Paraná e outra do interior de São Paulo.

Superação – Em maio de 2016, os pais de sete filhos tiveram seu poder destituído por negligência e abandono das crianças e os irmãos foram acolhidos na Casa Lar. Mas foi dada uma nova oportunidade para os genitores e, em setembro do mesmo ano, foi determinada a reintegração familiar. Porém, com o falecimento de dois filhos, os cinco irmãos retornaram para a instituição de acolhimento em março de 2020.

Em 2022, foi determinada a busca do pretendente pelo Sistema Nacional de Adoção (SNA). Sem interessados, os irmãos foram divididos em dois grupos: de um lado as duas irmãs mais velhas, de 17 e 15 anos, e de outro os três meninos de 12, 9 e 7 anos de idade. A partir de então, teve início a busca ativa no SNA.

Até o momento não houve pretendentes para as duas jovens e é possível adotá-las pelo Programa "Nasce uma Família" que pode ser acessado por qualquer interessado pelo link http://aproximandovidas.tjms.jus.br/ .

No ano passado o casal Pedro e João (nome fictício), de Limeira-SP, manifestou interesse nos três garotos. Inicialmente, foi realizada a aproximação virtual entre eles. Passado um mês, o casal foi até o município para conhecê-los. Após obterem a guarda pré-adotiva, em outubro do ano passado, as crianças foram morar com eles.

O casal está junto há nove anos e desde 2020 começou a pensar em adotar uma criança. Em 2022 deram início ao processo de habilitação e a busca ativa no Sistema Nacional de Adoção (SNA). Segundo o casal, “no processo de encontrar nossos filhos, nosso perfil do SNA foi alterado apenas uma vez, onde ampliamos a faixa de idade e colocamos a aceitação de irmãos”.

Na quarta-feira, dia 29 de maio, foi dada a sentença do processo de adoção definitiva, tão aguardada pela família.

Sonho de ser mãe – Amanda e Vitório (nomes fictícios), moradores de Paranavaí-PR, estão casados há 16 anos e não tiveram filhos biológicos. Amanda tinha o sonho de ser mãe, porém não foi possível realizá-lo já que o marido é estéril.

“Com um ano de casados descobrimos a esterilidade do meu esposo, o que muito nos deixou triste. Com o passar dos anos sentimos o desejo de procurar pela adoção pois faltava os filhos para preencher nossas vidas e a nossa casa. Isso ocorreu após 11 anos de casamento quando decidimos procurar o Fórum e dar entrada no processo. Ficamos na expectativa e com o passar dos anos só aumentou mais a nossa angústia pois a cada dia, mês e ano que passava ficávamos ainda mais ansiosos pensando quando apareceriam as crianças para nós”, relatou Amanda.

Em 2020, os irmãos de sete, cinco e quatro anos de idade foram acolhidos a pedido do Ministério Público por estarem em situação de risco e vulnerabilidade social já que os pais eram alcoólatras e, por esta razão, destituídos do poder familiar.

Em 2023 foi determinada a busca do pretendente pelo cadastro do SNA para adoção dos irmãos. Já no primeiro contato com o casal, para informar que eles eram os próximos da fila, Amanda não conteve o choro após receber a ligação tão aguardada.

“É muito angustiante essa espera e, quando menos esperávamos, recebi a ligação da servidora do Fórum em outubro do ano passado. Ela nos avisou dos três irmãos que se encaixavam no nosso perfil no processo da adoção. Mal conseguia falar com ela de tanta emoção, as mãos tremiam, o coração acelerou e, claro, não pude conter as lágrimas de alegria pois nossa hora havia chegado! Foi um misto de sentimentos”, relatou.

Inicialmente houve a aproximação virtual do casal com as crianças e, dois meses depois, eles foram presencialmente ao município de Porto Murtinho para conhecê-los. No começo deste ano, após o início do processo de adoção, os irmãos foram morar com o casal. Na última quarta-feira, dia 29 de maio, o processo foi sentenciado, concretizando a adoção das crianças aos agora mãe e pai.

“Estamos muito felizes por contribuir no processo de formação dessas famílias. Só temos a agradecer a toda equipe envolvida pela dedicação à causa, mas em especial à assistente social de Caarapó, Lilian Martins Jara, e as peritas da instituição de acolhimento, Sandra Amarilha e Laura Letícia Gauna”, comemora Karina Ferreira da Rocha, assistente de gabinete da comarca de Porto Murtinho.

Para Amanda, ver o sonho tão aguardado de ser mãe de forma tripla, mesmo sabendo dos desafios em criar três crianças, foi um presente divino.

“Quando as crianças chegaram para nós em nossa casa foi aquela alegria. Sabemos que virão as dificuldades no começo, mas estamos dispostos a passar cada etapa com eles e confiamos que eles também são um presente de Deus para nós, que valeu a pena a espera e Deus nos deu muito mais do que pedimos. Não nasceram de nós, mas nasceram para nós!”, ressaltou.

O juiz substituto Vinícius dos Anjos Borba, designado para responder pela comarca de Porto Murtinho, celebrou ao dizer que “o momento é muito importante à Justiça da Infância e Juventude em Porto Murtinho. Com o auxílio de toda a rede de atendimento e proteção dos direitos das crianças e adolescentes, conseguimos encerrar com sucesso dois processos de adoção, cada qual com grupos de três irmãos, os primeiros da história da comarca envolvendo crianças acolhidas. A um só tempo, novas famílias foram formadas e esperança foi levada àquelas crianças e adolescentes que permanecem na Casa Lar, ainda em busca novos pais”, finalizou o magistrado.


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