Infectologista do Humap explica as hepatites virais

Julho é o mês de ações de vigilância, prevenção e controle dessas doenças

  • Assessoria/Ebserh
Foto: Divulgação
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Cansaço, febre, mal-estar, enjoo, vômitos, tontura, dores abdominais, urina escura, fezes claras, olhos e pele amarelados são alguns sintomas que as hepatites virais podem desencadear. O problema é que essas doenças são, na maioria dos casos, silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas.

Para diagnosticar as hepatites virais o paciente deverá realizar as sorologias virais para pesquisa das hepatites B e C. Como são doenças assintomáticas, as manifestações clínicas geralmente surgem quando o paciente apresenta alguma complicação da doença, como, por exemplo, a evolução para cirrose hepática ou o surgimento do câncer de fígado.

“A melhor forma para se descobrir a infecção pelas hepatites virais é através de exames de sangue, seja por métodos sorológicos ou pela detecção da carga do vírus no sangue. As hepatites virais, em sua grande maioria, ocorrem de forma silenciosa e os sintomas são inespecíficos, como dor de barriga, náuseas, vômitos, mal-estar, cansaço e a icterícia, conhecida como o famoso ‘amarelão’. As hepatites B e C podem evoluir para cirrose hepática e, nesses casos, os sintomas podem ser mais importantes, como ascite, que é a ‘barriga da água’; hemorragia digestiva alta, que são os vômitos com sangue; e encefalopatia hepática, que é uma alteração neurológica pelo mau funcionamento do fígado”, explica o infectologista e hepatologista do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh) Henrique Shiroma.

O que são as hepatites virais?

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.

O mês de julho foi instituído como mês de ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais, através da Lei nº 13.802/2019, que criou o “Julho Amarelo”.

As hepatites virais são classificadas pelas letras do alfabeto em A, B, C, D (Delta) e E.

Contágio e prevenção

Hepatite A: é a infecção mais comum e com sintomas leves, geralmente desaparece sozinha e seu contágio está relacionado a questões de higiene e saneamento básico.

Hepatite B: O contágio da hepatite B geralmente ocorre por contato sexual ou sangue de paciente infectado, podendo também ocorrer por transmissão vertical (mãe para filho no parto). Vacina e uso de preservativo nas relações sexuais são as formas mais eficazes de prevenção. Há medicamentos que controlam a replicação do vírus.

Hepatite C: a transmissão ocorre principalmente por contato com sangue contaminado. É a principal causa para a necessidade de transplantes de fígado, podendo desencadear também cirrose e câncer de fígado. Há medicamentos altamente eficazes e com pouquíssimos efeitos colaterais.

Hepatite D: a vacinação contra Hepatite B também previne contra a Hepatite D, já que a segunda só ocorre em pacientes infectados pelo vírus da Hepatite B.

Hepatite E: transmitida pela via digestiva (transmissão fecal-oral), principalmente por consumo de água contaminada, a Hepatite é de curta duração e autolimitada, sendo considerada uma doença de caráter benigno. Casos graves são verificados apenas em gestantes que contraem o vírus.

“Assim como a forma de contágio é diferente para cada tipo de hepatite, a prevenção também. De forma geral, para a hepatite A recomenda-se lavar bem as mãos e os alimentos; para a hepatite B, vacinação e usar preservativos durante as relações sexuais; e para hepatite C, não compartilhar materiais que possam conter sangue”, salienta o Dr Henrique Shiroma.

Tratamento

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para todos os tipos de hepatite, independentemente do grau de lesão do fígado. É recomendado que pessoas com mais de 45 anos de idade façam o teste, que é gratuito, em qualquer posto de saúde.

“Os tratamentos variam de acordo com o tipo da hepatite viral. No caso da hepatite A, o tratamento é apenas de sintomas, além da repouso e hidratação. Para as hepatites B e C, quando indicado, o tratamento é todo disponível pelo SUS. Esses medicamentos são modernos e com quase ou nenhum efeito colateral. Gostaria de pedir a todos que façam os testes para as hepatites virais e, em caso de resultado positivo, procurem atendimento médico. Só assim iremos controlar as hepatites e evitar a progressão da doença para cirrose hepática e câncer de fígado”, conclui o especialista.

Sobre a Rede Ebserh

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

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