Em reunião no MPF, órgãos estabelecem providências para regularizar distribuição de cestas básicas a comunidades indígenas de MS
Representantes da Funai, Conab, Sead e DPU reuniram-se na sede da instituição em busca de soluções para o fornecimento regular e ininterrupto de alimentos à população indígena
O Ministério Público Federal (MPF) recebeu, nessa quarta-feira (19), representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), da Defensoria Pública da União (DPU) e da Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead) para reunião com o objetivo de estabelecer soluções para assegurar o fornecimento regular e ininterrupto de cestas básicas a famílias indígenas de todo o Estado de Mato Grosso do Sul.
Do encontro, realizado a pedido da Funai, resultaram os seguintes encaminhamentos: a formalização de um grupo de trabalho que, por meio de reuniões periódicas, estreitará a interlocução e alinhamento dos procedimentos, visando a dirimir os obstáculos alegados pelos entes que atuam na distribuição de alimentos à população indígena sul-mato-grossense para o provimento regular e ininterrupto destes itens; a atualização do cadastro das famílias indígenas beneficiárias e a promoção de estudos para adequação dos itens que compõem as cestas básicas, considerando, prioritariamente, que sejam constituídas por alimentos produzidos pelas comunidades indígenas.
Entre os gargalos para a correta distribuição dos alimentos, apontados durante a reunião, estão a subnotificação dos registros de nascimentos de indígenas, falhas nos sistemas de cadastramento das famílias aptas a receber o benefício e, ainda, diferenças na composição das cestas distribuídas pela União e pelo governo do estado, o que vêm ocasionando conflitos internos nas aldeias. Estas, entre outras falhas, levaram a atrasos na distribuição e a episódios em que famílias ficaram sem receber os alimentos por sucessivos meses.
Histórico - Ajuizada pelo MPF, uma ação civil pública tramita desde 2017 com o objetivo de garantir o fornecimento mensal de cestas básicas a famílias indígenas sul-mato-grossenses. Em agosto de 2018 houve decisão liminar na referida ACP, por parte do TRF3, determinando que o governo do estado efetuasse o cadastramento de todas as famílias indígenas, de forma a garantir a entrega das cestas.
Com o cadastro atualizado em mãos, o governo estadual (atualmente por meio da Sead) deveria promover, mensalmente, a entrega de cestas básicas de alimentos às famílias indígenas estabelecidas em áreas regularizadas, enquanto a União (via Funai e Conab) deveria promover a entrega mensal a famílias estabelecidas em áreas de retomada. Como foi possível perceber pelos relatos das comunidades, tal decisão vem sendo reiteradamente descumprida, tanto pelo governo do estado quanto pela União.