Defensoria realiza mutirão inédito de atendimento a vítimas de fraudes bancárias em MS

Coordenador do Nuccon, defensor público Carlos Eduardo Oliveira de Souza notou aumento da quantidade de solicitações de atendimento referente a golpes financeiros

  • Redação com Defensoria Pública MS
Recepção da Unidade Centro lotada durante o 1º Mutirão Proteja Seu Bolso (Foto: Danielle Valentim/Divulgação/Defensoria Pública MS)
Recepção da Unidade Centro lotada durante o 1º Mutirão Proteja Seu Bolso (Foto: Danielle Valentim/Divulgação/Defensoria Pública MS)

A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, por meio do Núcleo de Defesa dos Direitos do Consumidor e Demais Matérias Cíveis (Nuccon), realizou no sábado (15) o 1º mutirão para atendimento de vítimas de fraudes bancárias em Campo Grande.

De acordo com o coordenador do Nuccon, defensor público Carlos Eduardo Oliveira de Souza, percebeu-se nos últimos meses um aumento da quantidade de solicitações de atendimento referente a golpes financeiros.

"Com o objetivo de analisar o perfil dessas fraudes que têm acontecido e quais as instituições bancárias mais envolvidas para, inclusive, fazer um próximo passo que é promover medidas coletivas mais preventivas, antecipamos agendamentos que seriam atendidos posteriormente no fluxo comum da instituição e separamos somente os casos relacionados ao tema para este primeiro mutirão”, explica o coordenador.

O Núcleo de Defesa do Consumidor tem o atendimento regular, mas esta é a primeira vez que realiza tal assistência em ritmo de mutirão, especificamente na temática de fraudes bancárias para que, além de medidas preventivas, sejam realizadas medidas repressivas contra instituições que têm facilitado essa prática.

O Nuccon percebeu, ainda, que a população idosa é o maior número das vítimas desta modalidade, sendo por meio de assédio de correspondentes bancários ou que, em algum momento contrataram um serviço, e tiveram documentos expostos para contratações não autorizadas. Na maior parte dos casos, os golpistas utilizam da falta de conhecimento das vítimas.

Vítima da fraude pix, a beneficiária da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), Olga Gonçalves Pereira, de 66 anos, saiu do bairro Dom Antônio para buscar orientação no mutirão.

“Eu levei um calote de uma financeira. Hoje vim buscar orientação e fui informada de que primeiramente terei de registrar um boletim de ocorrência. O golpe aconteceu depois que recebi um telefonema dizendo que eu tinha um empréstimo de R$ 5 mil para pegar. Pediram uma transferência de R$ 389,00 e eu nunca recebi o dinheiro”, explica a assistida.

O aposentado José Pedro Ferreira, 70 anos, do Jardim Los Angeles, buscou durante o mutirão, uma solução definitiva a um desconto que acontece em sua aposentadoria há quatro anos.

“Está descontando no meu benefício desde 2019 uma quantia de um cartão do banco Pan, mas eu nunca tive esse cartão. Fui ao INSS puxei os canhotos, porque na conta não cai os descontos, só aparece no extrato do INSS. Aí eles disseram que esse dinheiro caiu na minha conta, mas não achei. Interroguei o pessoal do banco e eles disseram que esse dinheiro não caiu lá e isso está rolando há anos. Aí entrou outro grupo e estão tentando acordo. Disseram que eu estava devendo R$ 20 mil, e que eles iriam ressarcir R$ 7 mil, e o restante iriam recontratar de novo. Eles já fizeram duas entrevistas comigo, já tiraram fotos minhas para dar baixa no cartão, mas até agora não desenrolou nada. Hoje fui orientado que preciso aguardar 30 dias, pois a Defensoria vai intermediar. Caso nada seja resolvido voltarei para ajuizar uma ação”, explica o assistido.

Vítima do falso empréstimo, o aposentado Faustino Cardoso da Silva, de 65 anos, saiu do bairro Radialista, para participar do mutirão.

“Eu não estava muito bem no dia, quando recebi uma mensagem no celular pedindo uma transferência para liberar um empréstimo. Fiz uma transferência de R$ 6 mil. Aí entrei em contato com o banco fiz o boletim de ocorrência para enviar para eles, me disseram que o estorno seria feito em cinco dias, mas até hoje nada, e isso já desde janeiro”, explica o assistido.

Das 52 antecipações de agendamento, 45 compareceram à unidade Centro. Ainda não há previsão de um novo mutirão. No entanto, vítimas de golpes financeiros ou fraudes em contratações podem agendar atendimento via plataforma virtual (http://www.defensoria.ms.def.br  ) ou se dirigir até a sede do Nuccon, que fica na Rua Antônio Maria Coelho, 1668, centro.

“Estamos colhendo as informações dos atendimentos. Foram 45 assistidos atendidos, alguns com vários casos apresentados. Como os casos são complexos, ainda não temos ações ajuizadas. Temos muitos pedidos de providências via sistema Proconsumidor. Precisamos dos contratos dos bancos e demais informações antes de ajuizar as ações”, finaliza o coordenador do Nuccon.

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