Defensoria garante transferência de bebê com rara malformação na bexiga a hospital de Brasília
A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul garantiu a transferência de uma bebê com anomalia rara na bexiga, ao Hospital Sarah Kubitschek, que é referência em urologia pediátrica.
Conforme o pai da menina, Ricardo Conte Neto, a bebê nasceu com extrofia de cloaca, extrofia vesical e onfalocele, más-formações raras que deixam expostos os órgãos do trato urinário, intestinal e genital. A família é de São Gabriel do Oeste, já tinha conhecimento da condição da bebê, mas aos sete meses de gestação, descobriram que o problema era mais complexo. A mãe, Graziele Aparecida dos Reis, nem conseguiu segurar a filha no nascimento.
“Minha filha já passou pelo primeiro procedimento. Na terça (13), eles fizeram a reconstrução do intestino e colocaram a bexiga para dentro, mas a abertura ainda existe. Como a bexiga ficou para fora durante a formação, a pelve ficou aberta e também deixou as perninhas abertas. O próximo procedimento é cortar os ossos da bacia para terminar de fechar, esse procedimento deve acontecer na próxima semana, entre fim de junho e início de julho. Mas já fizeram a colostomia e a equipe médica nos informou que na sequência ela já receberá alta. A próxima cirurgia deve ocorrer quando ela completar um ano, para a reconstrução dos órgãos genitais”, explica o pai.
Intermediação da Defensoria Pública de MS
O defensor público Hiram Nascimento Cabrita De Santana, titular da 1ª Defensoria Pública de Atenção à Saúde, explica que a criança ficou internada na Santa Casa de Campo Grande por 15 dias à espera de transferência. Atendida no plantão noturno da Defensoria Pública, a família conseguiu a primeira liminar de transferência.
“O caso foi distribuído para a terceira vara, que é onde eu substituo a coordenadora do NAS, defensora Eni, e atendemos a família porque já tinha a liminar e ela estava sendo descumprida. Alteramos o valor da causa para R$ 90 mil, que seria o custo de uma UTI aérea. O problema é que o Estado, ainda não havia conseguido vaga em quaisquer dos hospitais referência, que pudesse receber esse bebê. Nós então pedimos o bloqueio dos R$ 90 mil, o juiz deferiu o pedido, desde que já houvesse uma vaga para a execução da liminar, e o Estado se manifestou pedindo que o bebê fosse atendido no HU, porque lá teria um especialista de urologia pediátrica”, explica o defensor Hiram.
Toda essa tramitação ocorreu no 7 de junho, um dia antes de um feriado, e o defensor tentou tranquilizar a família dizendo que a vaga seria encontrada.
“Um médico especialista da urologia pediátrica do HU, chegou a se deslocar até a Santa Casa para conhecer a situação da paciente, mas nós continuamos a busca pele vaga e, então, mandamos e-mail para o hospital Pequeno Príncipe em Curitiba. A vaga que surgiu foi no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, e a bebê pôde ser transferida. No nosso primeiro contato, o casal chorava muito, até orei pela família para tentar acalmá-los. Eu como defensor público já tenho um lado. Eu tenho uma percepção muito clara de qual é o meu lado, e sempre será a pessoa hipossuficiente. Apesar da manifestação do Estado de tentar nos persuadir, a manter aquele bebê aqui no Estado, neste caso foi muito simples, eu tenho autonomia para sempre estar do lado de quem mais precisa”, finalizou o defensor.