Candidato a deputado e Rigo tem R$ 7,4 milhões bloqueados por corrupção no Detran

  • O Jacaré
Em agosto do ano passado, Gerson Claro foi preso em operação do Gaeco contra corrupção no Detran (Foto: Arquivo)
Em agosto do ano passado, Gerson Claro foi preso em operação do Gaeco contra corrupção no Detran (Foto: Arquivo)

A Justiça determinou o bloqueio de R$ 7,416 milhões do ex-presidente da Assembleia Legislativa, Ary Rigo, e do candidato a deputado estadual, advogado Gerson Claro Dino (PP), em decorrência da suspeita do megaesquema de corrupção no Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Eles já são réus por peculato, corrupção passiva e ativa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, dispensa de licitação e organização criminosa.

 A indisponibilidade dos bens foi determinada no dia 6 deste mês pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos. O Ministério Público Estadual denunciou o grupo pelos prejuízos milionários causados pela contratação sem licitação da Pirâmide Central Informática.

“No caso dos autos, o direito é plausível. A conduta dos requeridos foi minuciosamente descrita pelo Ministério Público e embasada em elementos de investigação robustos, como aqueles compartilhados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), em procedimento investigatório criminal que apurou a ocorrência, em tese, dos crimes de corrupção ativa e passiva, bem como de lavagem de dinheiro, sem prejuízos de outros delitos correlatos”, anota o magistrado, sobre a Operação Antívirus.

Em agosto do ano passado, a ofensiva do Gaeco prendeu toda a cúpula do Detran. Gerson Claro era presidente do Detran na ocasião e pediu exoneração ao ser proibido de frequentar o órgão estadual. Indicação pessoal do governador Reinaldo Azambuja, ele acabou cedendo a vaga para o ex-prefeito de Nova Andradina, Roberto Hashioka.

“Os fatos trazidos ao processo são graves, são extremamente danosos e exigem uma providência acautelatória imediata com o bloqueio de bens para a garantia de indenização futura, acaso se confirmem as alegações do autor”, argumentou o juiz, para decretar o bloqueio de contas e bens dos integrantes da suporta organização criminosa.

Com o suposto pretexto de promover economia aos cofres do Detran, Gerson determinou a contratação da Pirâmide, que não possuía funcionários nem equipamentos de informática para prestar o serviço. Pelo período de seis meses, a empresa recebeu R$ 7,4 milhões.

Com base na denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), o juiz chegou a conclusão de que a fortuna foi paga para a empresa realizar “serviço totalmente inútil, a conferência em duplicidade de documentos de gravames em automóveis para registro no Detran”.

“Em outras palavras o serviço contratado pelo Detran pelo preço de R$ 7.416.000,00 era inútil, era redundante. Este valor teria sido gasto em 180 dias de “serviços” prestados”, espanta-se o juiz.

Mesmo sendo réu no escândalo do Detran, Gerson Claro não desistiu do sonho de ser deputado estadual. Para alcançá-lo, ele contou com a ajuda do ex-prefeito da Capital, Alcides Bernal (PP), que lhe garantiu a legenda para concorrer a uma das 24 vagas.

O ex-presidente do Detran, que jura inocência, vem percorrendo todo o Estado como um dos favoritos na disputa ao lado do governador, que disputa a reeleição.

Alguns eleitores até estranharam a filiação de Gerson ao PP, considerando-se que Bernal já repetiu, em algumas ocasiões, que não daria respaldo político a investigados por corrupção. O progressista já ensaia o discurso de que o ex-dirigente do órgão de trânsito só foi denunciado, só é réu, não foi condenado. O que não deixa de ser verdade, porque, para a lei brasileira, todo mundo é inocente até que a sentença transite em julgado.

O eleitor terá a oportunidade de dar o voto de confiança ou desconfiança a Gerson Claro no dia 7 de outubro. Só não poderá culpar os políticos pelo atual estado da política brasileira.

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