Cana-de-açúcar sofre com a má distribuição da chuva, em MS
O clima ideal para a safra é aquele que está próximo às condições históricas normais
A safra de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul, que começou em 1º de abril e vai até 31 de março de 2015, sofreu com a má distribuição de chuvas no Estado durante esse período.
A época ideal para a produção da cana é o verão, justamente pela temperatura e precipitação mais altas, presentes principalmente nos meses de novembro a fevereiro.
“Após um novembro muito seco, bem na época da semeadura e desenvolvimento inicial da lavoura, houve um começo de dezembro também seco e depois a chuva compensou a não chuva anterior”, diz o meteorologista da Climatempo Alexandre Nascimento.
Segundo o diretor da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (BioSul), Isaías Bernardini, o clima ideal para a safra é aquele que está próximo às condições históricas normais.
Na região canavieira de Dourados, onde está concentrada 80% da produção, a falta de chuva em um período de máximo crescimento causou prejuízo na quantidade de cana a ser colhida.
“Os agrônomos torcem para chover bastante no verão – período em que a planta cresce muito mais que no restante do ano –, e assim a safra pode ser colhida em junho, mas nesse último ano foi tudo diferente”, diz.
Há três anos está faltando chuva na região. O diretor explica que a expectativa é de uma quebra de produção, decorrente da estiagem do final do ano passado, que atrapalhou o desenvolvimento da cana-de-açúcar.
O déficit hídrico foi grande, em meses que deveriam ter bastante chuva. A média histórica é de 156 mm, e choveu apenas 74 mm em novembro.
Em dezembro, também faltou chuva. Segundo informações da Embrapa, choveu 134 mm, enquanto que a média é de 177 mm.
Já em janeiro, foi o excesso de chuva que surpreendeu os agricultores, mas minimizou o efeito da estiagem, que poderia ter sido ainda maior na região. Os registros foram de 248 mm de chuva no primeiro mês do ano, enquanto que a média histórica dos últimos dez anos é 160 mm.
Para Bernardini, o problema não foi a falta de chuva, e sim a má distribuição. “Faltou chuva por dois meses, mas em janeiro sobrou. Caíram os 1.500 mm normais de chuva do verão, porém foram irregulares.”
Os agrônomos devem colher a cana até dezembro de 2014, e apesar de o clima interferir na safra, a área plantada foi 11,6% maior do que a de 2013/14, e expectativas da Biosul são de um aumento de 6,76% em cana moída.
De acordo com a Climatempo, os modelos matemáticos de previsão mostram que para a próxima semeadura da cana há possibilidade de ocorrerem chuvas mais regulares e volumosas do que foi observado em dezembro de 2013.