Associação de erros médicos apura possível 4ª morte na quimioterapia da Santa Casa

A Associação de Vítima de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul apura uma possível quarta morte, ocorrida em fevereiro deste ano, de paciente submetido a quimioterapia na Santa Casa de Campo Grande. Outras três mortes, entre os dias 10 e 12 de julho, já são investigadas pelo próprio hospital e até pela Polícia Civil.
No início da noite deste sábado (19), o presidente da associação, Valdemar Moraes de Souza, ainda analisava informações sobre o caso, inclusive o prontuário médico, com o advogado da família do paciente. Segundo ele, os familiares resolveram denunciar após ver histórias que, conforme a versão deles, são semelhantes ao do jovem Carlos Alberto Cintra, de 21 anos.
A associação vai levar a denúncia ao MPF (Ministério Público Federal) e à Polícia Federal na próxima semana, diz o dirigente. Segundo Souza, as circunstâncias da morte de Cintra são semelhantes às outras três registradas na primeira quinzena de julho.
A Santa Casa montou uma comissão nesta semana para investigar as mortes de três outras pacientes, em julho. Segundo consta, Maria Glória Guimarães, 61 anos, Carmem Insfran Bernard, 42 anos, e Norotilde Araújo Greco, de 72, foram submetidas a sessões de quimioterapia à base de Leucovorin – ácido folínico – e ácido solínico entre os dias 24 e 28 de junho.
Dias depois, voltaram ao hospital com reações anormais ou exageradas aos medicamentos, segundo a própria direção da Santa Casa. Os quadros pioraram até a morte das três – uma quarta paciente também teve os mesmos sintomas, mas passa bem.
A comissão da Santa Casa, formada por representantes da própria unidade hospitalar, secretarias municipal e estadual de Saúde e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), investigará questões como dosagem dos medicamentos, o procedimento ministrado e o que as três pacientes tinham em comum. Além disso, quer saber por que as mortes não foram comunicadas à direção do hospital.
Na sexta-feira (18), o diretor-presidente da Santa Casa, Wilson Teslenco, reclamou de ter sabido dos casos somente pela imprensa e ouvidoria do hospital. O Centro de Oncologia e Hematologia é uma empresa terceirizada responsável pela quimioterapia da maior unidade hospitalar da cidade.