Acusado de dar golpe de R$ 4 milhões contou

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Delegado Roberto Gurgel de Oliveira Filho, de Bonito, durante entrevista coletiva em Campo Grande (Renan Nucci)
Delegado Roberto Gurgel de Oliveira Filho, de Bonito, durante entrevista coletiva em Campo Grande (Renan Nucci)

“Velejando na Gestão”. Este é o título livro lançado por Alexandre Alex Rodrigues Furtado, 44 anos, tido pela polícia como o maior estelionatário que já agiu em Bonito, preso no último dia 4 pela Interpol, na Venezuela. A publicação teve investimento de parte dos R$ 4 milhões arrecadados pelo golpista.

Segundo o delegado Roberto Gurgel de Oliveira Filho, nos últimos meses antes de ser preso, enquanto estava no Rio de Janeiro, Alex lançou o livro no qual partilha suas experiências na área de negócios e gestão de empresas. “Ele sempre se apresentou como escritor, empresário e palestrante”, afirmou o delegado.

Acusado de estelionato, apropriação indébita, apropriação indébita previdenciária, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, Alex chegou a Bonito no ano de 2007, quando fundou a Agência AR, especializada em turismo. Nos primeiros meses, demonstrou trabalho sério e muito comprometimento, para que conquistasse a confiança dos moradores e empresas de Bonito.

“Alex era uma pessoa persuasiva e sabia o que estava fazendo. Ele chegou mostrando a imagem séria e de confiança, para que pudesse ganhar credibilidade. Todos acreditaram nele logo de cara e já no primeiro ano em Bonito, começou a dar golpes”, explica.

O livro sempre foi uma obsessão do estelionatário, mas até chegar a edição e publicação do material, cometeu uma série de crimes. Ao todo foram 47 vítimas, partindo desde suas ex-esposas, as quais tiveram seus nomes usados em negócios fraudulentos, até a prefeitura do município, além de clientes e fornecedores da agência.

Durante as investigações foi descoberto que ele possuía, na verdade, um conglomerado de sete empresas que facilitavam a articulação de seus esquemas. Durante o tempo que passou em território sul-mato-grossense, fez empréstimos que nunca pagou, arrendamentos que causaram enormes prejuízos, dívidas trabalhistas e foi embora com o dinheiro de clientes que haviam comprados pacotes turísticos.

Em julho de 2013 foi embora de Bonito, alegando que iria realizar o "sonho" de lançar um livro. Alex se instalou em Paraty (RJ), onde comprou um veleiro avaliado em R$ 200 mil, o qual utilizava para fazer serviço de guia turístico. “Ele queria usar esse negócio como uma via para limpar o dinheiro sujo dos golpes que aplicou”, conta o delegado. Na época, ele manteve a empresa AR em funcionamento, mas logo em seguida a fechou, deixando muitas dívidas.

Finalmente, em 2014, ele lançou o livro onde aparece, inclusive, em uma montagem com um dos empresários mais bem sucedidos do país. “Ele fazia de tudo para passar uma imagem de pessoa importante. Sempre foi vaidoso e egocêntrico”, diz Gurgel. Após o lançamento do livro ele desapareceu, pois neste momento, já havia sido indiciado e possuía contra si dois mandados de prisão.

O delegado lembra que não foi fácil encontrá-lo. “Quando saiu do Rio, ele foi para Viamão, no Rio Grande do Sul. Quando estávamos próximos de capturá-lo, ele conseguiu embarcar em um avião para a Venezuela. Nós continuamos seguindo cada um de seus passos e informamos a Interpol. No dia 4, Alex foi preso em Puerto Lacruz, perto de Caracas, onde também tinha comprado um veleiro para trabalhar como guia. Agora aguardamos a extradição”, comenta.

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