Produtores sul-mato-grossenses mudam rota para escoar safra

O porto de Paranaguá tem deixado de ser a rota preferida pelos produtores de soja de Mato Grosso do Sul para escoar a safra. Reportagem do jornal Correio do Estado revela que a dinâmica do mercado e a obrigatoriedade de agendamento de caminhões colocaram na rota de exportação do grão o porto de Rio Grande.

O porto gaúcho é mais distante. Saindo de Dourados, a distância a Santos é de 1,2 mil quilômetros, a Paranaguá de 1,1 mil quilômetros e ao Porto do Rio Grande, de 1,5 mil quilômetros. Apesar disso, o custo com o frete é equivalente, informa Carlos Ronaldo Dávalos, operador da Corretora Granos.

Essa conta tem pesado na decisão de produtores de enviar a soja para o mercado internacional a partir do porto gaúcho. A busca de nova opção de escoamento da soja se relaciona a adoção do governo federal de agendamento como tentativa de reduzir o problema de filas de caminhões nos portos de Santos e Paranaguá.

Segundo Dávalos, para driblar a maior demora no escoamento, provocada pela necessidade de agendamento, os produtores sul-mato-grossenses deixaram de levar o grão exclusivamente para Santos e Paranaguá, passando a embarcá-lo também no Porto de Rio Grande.

Agendar os embarques também é prática no porto gaúcho, informou Marcos Siqueira, funcionário do setor de fiscalização do local. No entanto, segundo Siqueira, o agendamento, nesse porto, acompanha a dinâmica da exportação. “Na maioria dos portos brasileiros, o agendamento é novidade. Muitos estão se adaptando e ainda há muitos problemas. Aqui, já tem algum tempo, e não entra mesmo caminhão que não está agendado”, afirma.

Além das questões logísticas, os entraves para a exportação da soja são agravados pela política tributária, de acordo com Dávalos. Ele afirma que a obrigatoriedade de contrapartida leva os produtores a limitar o envio do grão ao exterior conforme determinação estadual, a quantidade de grãos exportados (não tributados por força da Lei Kandir) deve ser equivalente à destinada ao mercado doméstico. A medida, usada pelo governo como forma de redução de perda de receita, faz com que os produtores não destinem soja a outros países à altura da demanda do mercado internacional.

*Com informações do Correio do Estado