Um ano após morte, HU volta a recusar internações por falta de lençóis

Pacientes que precisavam ser internados no HU (Hospital Universitário) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) na quinta-feira (24) não foram atendidos porque faltavam lençóis limpos. Essa denúncia foi feita à 94 FM por familiares de pessoas que foram prejudicadas. A instituição informou que o problema foi causado por falhas numa secadora e resolvido no mesmo dia.

A recusa de pacientes para internação no HU por falta de lençóis volta a ocorrer quase um ano após a morte do jovem Jean Michel Aguero Frazão, que em junho de 2013 não foi atendido após sofrer um grave acidente de trânsito. Naquela ocasião, o hospital alegou não dispor de vagas na UTI, mas uma equipe do Conselho Municipal de Saúde identificou a existência de pelo menos seis delas. À ocasião, funcionários disseram que a recusa foi motivada por falta de lençóis, fato comprovado por documentos oficiais.

PROBLEMA RECORRENTE

Na quinta-feira passada, os prejudicados com a situação foram pessoas a exemplo da avó da confeiteira Aline Katiuscia, de 29 anos. Com aproximadamente 80 anos e lutando contra um câncer, a idosa não pode ser internada mesmo com encaminhamento médico.

“Nós estivemos lá com minha vó, que tem quase 80 anos e um câncer que começou no pâncreas, mas que já está em estado avançado, e ela precisava entrar para fazer biópsia e não pode porque não tinha lençol”, disse à 94 FM. “Ela veio com encaminhamento para fazer consulta, mas como o estado dela está crítico o médico pediu para internar. Ia internar para fazer tipo um risco cirúrgico para passar pelo cardiologista e fazer biópsia”.

Mas a idosa teve o encaminhamento para internação recusado. “Alegaram falta de lençol. Disseram que quebrou a máquina de lavar”, explica, acrescentando que a internação da idosa teria que ser remarcada para o dia 5 de maio. Contudo, somente no fim do dia o HU conseguiu internar a idosa, segundo a neta.

SECADORA QUEBRADA

Através da assessoria de comunicação, o Hospital Universitário alegou que a falta de lençóis foi motivada por problemas numa secadora da lavanderia. Ainda segundo o HU, uma lavadora privada com quem mantém contrato e outro hospital da cidade deram apoio para suprir a falta do equipamento, que foi consertado no mesmo dia e possibilitou a normalização das internações.

No entanto, quem precisou da internação e não foi atendido considera inaceitável essa situação. “É um caso que teria de ser resolvido de imediato. O tempo que a gente ficou lá pelo menos 10 pessoas foram dispensadas de manhã”, diz Aline Katiuscia, neta da idosa que também não pode ser atendida por falta de lençóis. “Se precisa internar é porque não está bem”, desabafa.

O HU não soube informar quantas pessoas tiveram o pedido de internação recusado durante o período sem lençóis.