UFGD abre as portas para acadêmicos da terceira idade
O perfil dos estudantes que entram no Ensino Superior no Brasil é de um público jovem. De acordo com pesquisa encomendada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), 75% dos universitários pertencem à faixa etária de até 24 anos. O que não significa que pessoas idosas não sejam bem vindas à universidade. Pensando em trazer esse público para dentro da UFGD (Universidade Fedweral da Grande Dourados), a Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PROEX) implantou, em 2012, o programa de extensão “Terceira Idade na Universidade”.
Dentro do programa são desenvolvidos diversos projetos, entre eles, atividades culturais (dança, teatro, instrumentos), palestras (alimentação saudável, direitos humanos, sexualidade), oficinas (artes visuais, contação de histórias) e a disponibilidade de vagas em disciplinas de graduação. Esta última atividade, aliás, possui uma disputa acirrada por suas vagas. E é esse projeto, o qual oferece essas disciplinas, que esta edição do Jornal UFGD apresenta.
Segundo a pró-reitora de Extensão e Cultura, Célia Regina Delácio Fernandes, o principal objetivo do “Terceira Idade na Universidade” é proporcionar a troca de saberes entre universitários e aqueles mais experientes. No que diz respeito ao projeto das disciplinas, a sala de aula não é mais a mesma, está enriquecida. Todos os envolvidos saem ganhando quando tradição e inovação trabalham em harmonia.
“O idoso é uma pessoa que já viveu muito, que tem uma experiência de vida e um aprendizado valioso. Ele leva essa bagagem para a sala de aula e enriquece o curso que está fazendo, o professor e os alunos aprendem com ele. Por outro lado, esse idoso vai aprender o que está sendo pesquisado no momento atual. Vai se inteirar do que a academia está produzindo em matéria de conhecimento. Esse novo conhecimento pode entusiasmá-lo”, observa Célia.
“E nossa demanda para esse público é grande, mas o número de profissionais envolvidos ainda é reduzido. Gostaria de fazer um convite aos técnicos, discentes e docentes para se envolverem mais”, sugere a pró-reitora.
Como funciona
Foi feito um levantamento em centros de convivência das demandas de assuntos que os idosos gostariam que a universidade discutisse com eles. A partir disso, cada faculdade encaminhou o número de vagas disponíveis em cada disciplina. Esse trabalho é feito em parceria com a Pró-reitoria de Ensino de Graduação (PROGRAD). Após o preenchimento das vagas do vestibular, os professores informam quantos alunos extras eles podem receber.
O candidato idoso precisa ter apenas concluído o Ensino Médio. As inscrições são feitas por ordem de chegada, portanto, os interessados devem ficar atentos aos editais. Nesse segundo semestre de 2013, a UFGD tem 29 idosos cursando 38 disciplinas em 16 cursos de graduação.
Nunca é tarde
“Vi uma reportagem de uma senhora que se formou em Direito com 82 anos, estava muito vitoriosa na foto. Fiquei pensando que tenho tanta vontade de estudar, será que um dia eu chego nisso? O primeiro passo já foi dado”, é o que afirma a empresária Elzenir Gonçalves Bruno, de 59 anos. Ela cursa duas disciplinas no curso de História da UFGD.
Elzenir perdeu o filho recentemente e precisava preencher seu tempo livre para não pensar na dor. “Quando surgiu essa oportunidade, agarrei com unhas e dentes. Tive apoio de toda a família. Meu marido comentou que está sendo muito bom para mim”. Aliás, ao que tudo indica, o marido de dona Elzenir é o próximo membro da família a entrar na universidade.
“Estou incentivando bastante, ele quer fazer disciplinas de Direito. Esse ano não tinha mais vaga, mas no ano que vem ele vai tentar de novo. Estou torcendo muito para que ele consiga”.
O recado aos colegas da mesma faixa etária é claro. “Quem gostaria de voltar a praticar esportes ou estudar, que volte! Faz muito bem. Eu, por exemplo, não gosto de tricotar, não tenho talento para fazer bonequinha para neta. Meu negócio é desenvolver a parte intelectual, mexer com computador, essas coisas”, finaliza dona Elzenir.