Traduções em idioma Guarani são incluídas nas placas indicativas do HU-UFGD
A iniciativa considerou a importância de promover ações em consonância com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e a Política Nacional de Humanização
O Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD, filiado à Ebserh, é uma instituição de saúde referência para a macrorregião de Dourados, que compreende 33 municípios, incluindo populações indígenas de diversas aldeias, sendo o terceiro maior hospital do Brasil e o maior fora da região Norte em internação de integrantes da população indígena, sendo que 2022 foram internados 1.181 pacientes, o que representou um aumento de 19,29% em relação ao ano anterior, com 990 internações. Até setembro de 2023, foram 736 internações (81,77/mês) e 86 consultas ambulatoriais (10,75/mês) totalizando 822 atendimentos, uma média de 92,53 atendimento pacientes/mês.
Tendo em vista essa particularidade do hospital em relação ao atendimento de populações indígenas e considerando a importância de promover ações em consonância com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, o HU-UFGD, por meio do seu Comitê de Saúde Indígena, tem desenvolvido projetos que visam a promoção de ambientes saudáveis e acolhedores para a população indígena e uma dessas iniciativas foi a implementação de meios de comunicação visual dedicados a este público.
Em 2022, o HU-UFGD já havia contratado serviço de confecção, entrega e instalação de elementos de sinalização e comunicação visual para atendimento às necessidades do hospital. Entretanto, não havia sido discutida a possibilidade de inclusão de texto em outra língua nas placas de sinalização interna.
O Comitê de Saúde Indígena do HU-UFGD, coordenado pela enfermeira Luciana Comunian, juntamente com o superintendente, Dr. Hermeto Macario Amin Paschoalick e com o Setor de Infraestrutura, composto pelos profissionais: João Fernandes Guimarães Júnior, Alisson Ribas Cirqueira e Claudine Machado Badalotti, discutiram a possibilidade de incluir traduções no idioma guarani em placas nos locais de maior circulação de pacientes, acompanhantes e visitantes indígenas.
“Os membros do Comitê de Saúde Indígena vêm discutindo ações que possam melhorar o atendimento da população indígena dentro do nosso hospital! Uma delas foi a inclusão do idioma guarani nas placas de sinalização de ambientes para que eles se sintam acolhidos e representados ao chegar no HU-UFGD”, pontua Luciana.
Deste modo, tratativas foram realizadas com a empresa licitada para incluir traduções para a língua guarani nas placas a serem confeccionadas. Tendo em vista que a alteração se daria unicamente no conteúdo a ser impresso nas placas e não geraria alteração nos tipos e dimensões dos elementos, a empresa concordou com a confecção. Com apoio de alguns professores da FAIND/UFGD e colaboradores do HU-UFGD, falantes do idioma guarani, as traduções foram realizadas em consonância com o entendimento do povo guarani/kaiowá.
O paciente indígena da etnia kaoiwá, senhor Ademir Riquelme, explica como a tradução foi importante e inclusiva: “a gente se sente representado e a gente acha o lugar”.
A iniciativa também se deu devido à grande concentração dos povos guarani e kaiowá falantes do idioma guarani na região adscrita ao hospital.
"Não podemos esquecer que estamos lidando com questões políticas e culturais muito importantes. Por isso, ter esse olhar de inclusão é muito significativo. Ao incluirmos o idioma que é mais familiar para a população indígena, ela se sente melhor orientada e mais acolhida, o que também reflete de forma positiva no atendimento e tratamento, e ainda contribui na nossa constante luta contra a violência e discriminação históricas que enfrentam”, afirma Dr. Hermeto.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.