Sindicatos lamentam postura do prefeito diante de negociações salariais
Reajuste que deveria ter sido concedido em abril ainda não tem data para ser pago aos servidores públicos
“Eu penso que você deve estar muito preocupado. Você deve ter algum parente, alguma pessoa ligada a isso, porque a prefeitura tem contato diretamente com os sindicatos e tem um bom diálogo com eles”. Essa resposta dada pelo prefeito Murilo Zauith (PSB) quando questionado pela 94 FM sobre o atraso no reajuste salarial do funcionalismo público não agradou as organizações sindicais.
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Para a vice-presidente do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados), Gleice Barbosa, falta ao prefeito a noção exata da responsabilidade que tem na condição de administrador público. Já a presidente do Conselho Municipal de Saúde, Berenice de Oliveira Machado Souza, classificou a fala do mandatário como vergonhosa.
EDUCAÇÃO
“É lamentável essa postura do prefeito. A gente espera que o prefeito tenha uma postura muito mais ética no sentido de dialogar com a categoria e de ter atitude. Porque eu acho que não basta simplesmente conversar com a categoria, mas tem que ter atitude e algo que respalde o trabalho do funcionalismo público”, pontuou Gleice.
A representante dos educadores ressalta que a categoria já deliberou pelo início de uma greve já a partir do dia 15. “Se até lá não tiver nada - e a princípio a gente não tem tido nenhum avanço - a greve está deliberada, então pelo que tudo indica a partir do dia 15 não terá aula mais na rede municipal, as crianças não retornam às aulas agora”, informa.
DESCONTROLE DAS CONTAS
Nesse caso, o que motiva o descontentamento dos trabalhadores é a demora na concessão do reajuste salarial, algo que deveria ter ocorrido no dia 1º de abril, data base do funcionalismo público. “O que a gente está reivindicando agora é aquilo que ele propôs. No dia 29 de abril o prefeito propôs para gente uma negociação. Alguns dias depois ele nos convida de novo para uma reunião e diz que ele não pode pagar”, revela a sindicalista.
Conforme o Simted, a prefeitura “propunha o índice de 8,32% para reajustar o salário base servidor do magistério público municipal, conforme piso nacional. De acordo com o ofício em dezembro de 2014 haveria a incorporação de 20% do adicional de incentivo ao magistério”.
TERCERIZAÇÃO
“Me preocupa muito uma administração hoje que não tem noção do que ela está administrando, que não tem conhecimento das contas do município, que faz uma proposta e 15 dias depois ela diz que não pode pagar. Isso me deixa muito insegura enquanto funcionária pública, mas principalmente enquanto cidadã douradense, porque eu começo a perceber que a administração não tem noção do que está acontecendo”, dispara Gleice.
Segundo a vice-presidente do sindicato, a administração tem proposto para educação, como forma de sair dessa crise, a terceirização de professores. “A gente está inseguro com essa administração, ela não está conseguindo pagar suas contas, não tem conseguido fazer planejamento e para dar respostas a essa ausência de planejamento vem propondo a terceirização de professores”.
SAÚDE
Quem também optou por protestar contra a incapacidade da administração municipal foram os servidores ligados ao Fórum dos Trabalhadores em Saúde. “A Saúde só vem perdendo. Aliás não só a saúde, mas todos os trabalhadores efetivos da Prefeitura de Dourados desde o início dessa administração vêm perdendo seus direitos”, destaca Berenice, presidente do Conselho Municipal de Saúde e representante do Fórum da categoria.
Ela avaliou como vergonhosa a resposta que o prefeito deu sobre o atraso no reajuste do funcionalismo. Um prefeito que diz que a cidade está valorizada não poderia falar um absurdo desse. É vergonhoso o que esse prefeito falou”.
CONSEQUÊNCIA AO USUÁRIO
Para Berenice, o descaso com os trabalhadores da saúde “se refere não só ao trabalhador, mas também ao usuário. Quando o procurador fala que teve corte nos plantões e nas horas extras ele está prejudicando diretamente o usuário que está ali esperando uma consulta, sobrecarregando o profissional que está de plantão e daí o que acaba acontecendo é que o usuário não é atendido e vai parar no Hospital da Vida, superlotado e o usuário amanhece esperando uma consulta”.
LEI É LEI
“A gente não quer negociar com o prefeito. A gente quer que ele cumpra a lei. Lei é lei e é para ser cumprida. Se ele não cumprir nós vamos nos juntar aos professores e vamos para a greve também”, afirma Berenice, reforçando que nesta quinta-feira (10) os trabalhadores da saúde cruzam os braços em protesto.
Berenice lembra que quando o conselho aprovou o orçamento da saúde para 2014 já contava com o reajuste. “Aonde foi esse dinheiro? Na saúde é cortes e mais cortes, é sucateamento dos carros, sucateamento de tudo para você trabalhar e aonde está indo essa economia que está se fazendo desde que começou essa administração?”, questiona.
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