Simted condena tentativa de Murilo Zauith de confundir a população
Sem conversar com os educadores, prefeito enviou para a Câmara projeto com aumento salarial que não correspondia às reivindicações
O Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação – Simted de Dourados condenou a tentativa da prefeitura de confundir a população com a falsa informação de que está atendendo as reivindicações da categoria, que está discutindo PCCR e que deu um reajuste de 22% no ano passado. Em ambas os casos, a afirmativa é falsa.
Segundo o Simted, o máximo que a prefeitura fez e depois de sete ofícios e mais o início da greve, foi abrir uma conversa onde apresentou como proposta 1/3 de hora atividade, sem dizer quando nem como, com um texto ambíguo que não deixa claro se será implantado ou se isto será feito apenas com viabilidade econômica.
Também não ficou claro durante a pauta, a redução da jornada do administrativo, já que a prefeitura terminou sem dizer quando nem como pretende fazer, e ainda solicitou que as comissões tenham o número máximo de três pessoas, quando nas negociações sempre estiveram oito pessoas para garantir mais transparência.
Além de tudo isso, o prefeito Murilo Zauith (PSB) enviou projeto de lei para a Câmara com aumento salarial que não correspondia às reivindicações da categoria, sem sequer conversar com os educadores.
Mais tentativas
Além das informações não completamente verdadeiras, a prefeitura usou para ilustrar o que tentou dizer, uma foto de arquivo, do ano passado, quando o prefeito Murilo Zauith (PSB) esteve no sindicato em um período também de possível greve.
Com isso a prefeitura tentou ligar os fatos, dando a entender que o prefeito estava participando de negociações, quando na verdade, a categoria, depois de uma decepção, ainda no ano passado, aprovou que não iria mais abrir espaço para que o prefeito participasse das assembleias. Além disso, segundo a assessoria do Município, o prefeito estava em Brasília na terça-feira e na quarta-feira.
A verdade da greve
A proposta do governo foi apreciada ontem pela categoria em assembleia realizada em praça pública, na qual a categoria decidiu manter a greve por tempo indeterminado.Portanto, a greve está sendo mantida por conta dos seguintes medidas tomadas pela prefeitura:
Fechamento do PAE (Programa de Acompanhamento Escolar): é o antigo reforço escolar, só que aprimorado com acompanhamento individual para alunos que tenham algum déficit de aprendizado. A prefeitura terminou com o programa;
Fechamento das STE (salas de tecnologia): as salas de tecnologia são utilizadas como suporte para as aulas dos professores e como meio de acesso ao aprendizado via Internet. Representa muitas vezes o primeiro contato dos alunos com o mundo da informática, já que não são todos que possuem condições financeiras de possuir um computador em casa. A prefeitura também fechou;
Não implantação de uma jornada dos professores que inclua 1/3 de hora-atividade: é o tempo que os professores usam para preparar aulas e corrigir trabalhos e provas. Sem esse tempo, a qualidade das aulas pode ficar comprometida;
Falta de discussões do PCCR (Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração): é esse plano que define quem faz o que nas escolas, quais as atribuições de cada pessoa e quanto ela deve receber por isso. Está paralisado desde 2009 e a atual administração prometeu resolver em 2012 e não cumpriu.
Falta da redução da jornada de trabalho, dos administrativos de 6h para 8h: pesquisa realizada pela Universidade de Barcelona, concluiu que uma jornada superior a 40 horas semanais causa danos físicos e emocionais irreparáveis nos trabalhadores, como a ansiedade e da depressão e até problemas cardíacos. A qualidade de aula pode cair e atendimento à comunidade escolar também. Antes era de 6h a jornada, porém a prefeitura aumentou para 8h.
Fechamento do Núcleo Indígena na Secretaria de Educação: responsável pela implementação de políticas educacionais para a educação indígena, esse núcleo foi fechado pela prefeitura, mesmo a cidade tendo a maior população indígena do Estado;
Falta de adequação salarial para professores e administrativos: no decorrer dos anos esses profissionais arcaram com as perdas salariais impostas pela desorganização administrativa que Dourados passou. Até hoje não recuperaram as perdas, o que pode causar desmotivação profissional e queda no rendimento das aulas;
Não inserção definitiva dos servidores administrativos educacionais no PCCR: mesmo trabalhando nas escolas esses educadores não são entendidos como tal e lutam pela valorização;
Não realização de concursos para docentes, professores (as), coordenadores (as) e administrativo: sem concursos, ficam abertas brechas para irregularidades em contratações e os servidores contratados perdem por não ter uma perspectiva de carreira, sem progressão futura. Os alunos podem perder com trocas constantes de professores.
Modificação da lei de readaptação que prejudica servidores(as) públicos, prejudicando a carreira e possíveis complicações nos vencimentos, diante de um projeto mal elaborado.
Fim da lei de licença prêmio que foi retirada sem prévio anúncio e nem discussão para negociação de manter os direitos adquiridos.