‘Se o prefeito não tem competência, que passe o cargo para outro’, sugere presidente de conselho
Protesto contra falta de reajuste salarial e cortes na saúde reúne centenas de servidores na Prefeitura de Dourados
O descontentamento do funcionalismo público com o prefeito Murilo Zauith (PSB) extrapolou todos os limites. Na manhã desta quinta-feira (10) centenas de servidores da saúde deram início a um protesto na Prefeitura de Dourados. Durante todo o dia eles permanecem de braços cruzados em protesto contra a incapacidade da administração em conceder o reajuste salarial dos trabalhadores do município. Os cortes promovidos no setor também estão na pauta do movimento.
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Para Berenice de Oliveira Machado Souza, presidente do Conselho Municipal de Saúde e representante do Fórum da categoria, a união desta manhã demonstra que o trabalhador já não aguenta mais a ineficiência do atual prefeito. “Isso aqui é só uma advertência para o prefeito, porque se ele não tem capacidade, não tem competência, não tem responsabilidade com o trabalhador e com toda a saúde, que entregue o cargo, passa para outro que vai ter responsabilidade”, dispara.
SEM REAJUSTE
As motivações para esse descontentamento são muitas. Vão desde os cortes feitos na saúde até a falta de explicação para o atraso na concessão do reajuste salarial do funcionalismo público. Essa última pauta une servidores de diversos setores.
“A saúde não está mais calada, é nosso primeiro grito de guerra. Se o prefeito não atende a gente vai para greve”, afirma Berenice, que criticou a ausência do prefeito – em viagem aos Estados Unidos e do vice Odilon Azambuja (PMDB), que embarcou para Brasília na quarta-feira (9). “Isso demonstra falta de responsabilidade, comprometimento”. “Cadê o nosso Legislativo que não fiscaliza as contas do município, que só aprova cortes e mais cortes ?”, questiona.
SEM DIÁLOGO
A presidente da Adacs (Associação Agentes Comunitários de Saúde de Dourados), Silvia Salgueiro, reforçou as críticas e cobranças pelo reajuste linear dos salários. “É um aumento dado todos os anos por direito de todo servidor. Foi prometido o ano passado e esse ano ele não aconteceu na data base que é 1º de abril. Não houve negociação para uma data posterior e a última informação é de que a gente não vai receber esse ano”, afirmou.
Para Silvia, a ausência do prefeito num momento tão delicado deixa clara a postura que mantém no comando do município. “Decepcionante, um gestor que disse ter portas abertas, onde estão essas portas?. Na prefeitura não é, no gabinete dele também não. É decepcionante a maneira como o gestor vem negociando com os servidores. Ele não negocia, ele manda alguém falar que ele não está disposto a falar”.
SEM ATENDIMENTO
O dia de paralisação da saúde prossegue na tarde de hoje com panfletagem na Praça Antônio João. As unidades da rede básica prosseguem com atendimento limitado. Apenas 30% do quadro funcional permanecem em atividade nessa data, o que inclui parte dos servidores comissionados (nomeados) e profissionais do Mais Médicos.
Enfermeiros, médicos, técnicos e auxiliares de enfermagem, farmacêuticos e agentes de endemias, entre outros servidores que atuam na rede de saúde do município permanecem de braços cruzados. Sindicato dos Bancários, Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados) e Sinsemd (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Dourados) apoiam o movimento.
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