“Se a prefeitura assumir o Hospital da Vida, vai ter que trabalhar”, diz presidente do Conselho de Saúde

Ao reassumir o comando do hospital, prefeitura irá economizar R$ 8,5 milhões por ano, valor que pode ser reinvestido na saúde

  • Alexandre Duarte

Um dia após o secretário de Saúde do município, o médico Sebastião Nogueira, afirmar que a Prefeitura de Dourados possivelmente irá reassumir a administração do HV (Hospital da Vida), agora foi a vez da presidente do CMS (Conselho Municipal de Saúde), Berenice de Oliveira Machado, se manifestar sobre o caso.

Em entrevista exclusiva à 94FM, Berenice diz que agora não terá como a prefeitura dar qualquer desculpa para justificar as mazelas do Hospital da Vida. “Desde que assumiu a secretaria o Sebastião tem afirmado que o problema do HV está na gestão e não na falta de recursos. Então agora, novamente nas mãos da prefeitura, o hospital vai ter que funcionar como um relógio suíço, qualquer coisa diferente disso não será aceita pelo conselho”, afirmou.

Berenice também é uma das que sempre foi contra a terceirização da administração dos hospitais públicos da cidade. Ela afirma que a medida é anticonstitucional. “A terceirização não pode ser total, no máximo parcial. Nós sempre defendemos que a gestão dos hospitais deveria voltar para a prefeitura e o secretário felizmente resolveu nos ouvir agora”, complementou.

A presidente do conselho relembra que o secretário não pode tomar as decisões sozinho. Ela explica que na hipótese da empresa que perdeu a licitação não recorrer ou perder o recurso, o secretário deve se reunir com os conselheiros para definir os detalhes de como o hospital será administrado pela prefeitura. “Sebastião Nogueira está querendo colocar o carro na frente dos bois, mas não é assim que funciona. Em matéria de saúde, tudo deve passar pelo conselho, ainda mais uma questão tão importante como essa”, disse.

Ainda conforme Berenice, ao reassumir o controle do hospital, a prefeitura não poderá usar isso como álibi para se redimir dos problemas que ocorreram no período em que a instituição esteve com a gestão terceirizada. "Mesmo terceirizado, a responsabilidade da saúde continuou sendo da prefeitura. Se o contrato foi mal elaborado, a culpa foi da prefeitura, se a fiscalização não foi bem feita, a culpa também foi da prefeitura. Não tem onde se esconder", explicou.

Custo

A repatriação do Hospital da Vida vai gerar aos cofres da prefeitura uma economia de R$ 8,5 milhões por ano, valor que pode ser reinvestido na própria da saúde. Atualmente, Dourados paga ao Evangélico R$ 3,8 milhões anuais pelos honorários relativos à administração e um generoso bônus de R$ 4,7 milhões por algo chamado de ‘incentivo de gestão’, uma espécie de estímulo para o Evangélico gerir melhor os recursos públicos.

Licitações

Ainda segundo Berenice, um dos grandes problemas da saúde atualmente é a demora da prefeitura em concluir as licitações. “De nada vai adiantar a prefeitura assumir o comando do Hospital da Vida se não resolver o problemas das licitações. As licitações são muito demoradas, então por isso faltam medicamentos, equipamentos e tudo mais. E quem sofre com isso é população, que fica a mercê da boa vontade do prefeito”, reclamou.

Um bom exemplo são as centrífugas do DST/AIDS da prefeitura. A licitação começou há três anos, mas somente agora está prestes a ser concluída.