Relatório mostra UPA 24 Horas à beira do colapso e drama vivido por douradenses
Douradense vive drama em unidade com estrutura inadequada, falta de pessoal e sobrecarga para profissionais cujos direitos trabalhistas são desrespeitados
Relatório minucioso mostra a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 Horas de Dourados à beira do colapso por estrutura inadequada, falta de pessoal e sobrecarga de serviço para profissionais cujos direitos trabalhistas são desrespeitados. No meio disso tudo, o drama vivido por douradenses que precisam recorrer ao sistema público de saúde no município.
Elaborado pela assessoria do deputado estadual Marçal Filho (PSDB) a partir de visita in loco e entrevistas com funcionários do local, o documento apurou que nos 22 primeiros dias de 2022 o local atendeu 11 mil pessoas.
Os atendimentos prestados incluem suturas, limpezas de ferimentos, crises emocionais e depressivas, ferimentos de pequena extensão como cortes, taquicardias, pediatria e clínica geral, mas a ocorrência mais frequente tem envolvido Influenza e Covid-19.
Já na recepção, quem chega à UPA se depara com cadeiras gastas, inapropriadas para espera, ar condicionado com baixa climatização, banheiros em estado crítico e total insegurança quanto à contaminação pelas temidas síndromes respiratórias.
No consultório pediátrico, apesar da necessidade de quatro médicos pediatras, apenas dois estavam no local e foi possível apurar que esse número chega a três esporadicamente. Não bastasse a falta de pessoal, também não foram encontrados medicamentos básicos, como por exemplo, dipirona gotas para controle febril.
No consultório de clínica geral, no máximo quatro médicos atendem apesar da necessidade de sete profissionais para que aconteça o atendimento nas alas amarela e vermelha, esta última onde ficam também pacientes com Covid-19. Materiais desgastados e falta de manutenção saltam aos olhos.
A farmácia da UPA não tinha medicamentos básicos, como tramal, para dores, e remédios para controle de vômitos, entre outros.
Na amarela, destinada à internação de pacientes com problemas mentais, cardíacos, e acidentes vasculares cerebrais (AVC’s), a equipe de assessoria parlamentar encontrou pacientes à espera de uma vaga no HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados), que só os admite mediante listagem como “vaga zero” (urgência) ou por decisões judiciais.
No dia da vistoria, 22 de janeiro, havia espera que perdurava desde 14 de janeiro, algo comum, segundo apurou a assessoria do deputado Marçal Filho.
Destinada ao atendimento de pacientes com Covid-19, a área vermelha da UPA 24 Horas dispõe de todo o aparato para entubação, como respiradores, kits entubamento e sedações de alta tecnicidade. Com a desabilitação de leitos na rede pública do município, essa unidade se tornou o socorro imediato enquanto há a espera por vagas.
Para o atendimento prioritário de síndromes gripais, foi adaptado um espaço onde há fila de espera porque apenas um médico atual. Para piorar, esse profissional atende em uma sala aberta, exposta e sem nenhuma acomodação ou refrigeração.
Outra sala da UPA foi adaptada pela equipe, dentro de um banheiro, onde familiares de pacientes falecidos podem dar o último adeus.
Já as equipes de funcionários, reduzidas por causa dos afastamentos provocados pelo contágio da Covid-19 ou Influenza, precisam fazer plantões extras para melhorar o salário, cuja base é R$ 1.200,00 para técnicos de enfermagem, e no horário de descanso usam colchões inativados nos setores de internação, ambientes que também os expõe a riscos.
Não bastasse todo esse desgaste, um comunicado da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados) detalha a esses trabalhadores que a programação das férias vencidas prevê o pagamento em três parcelas, com a primeira no primeiro mês de gozo do benefício, conforme acordo formalizado com o Ministério Público do Trabalho.