Recadastramento ‘misterioso’ intriga funcionários da prefeitura de Dourados
Além de uma aparente “inutilidade”, o procedimento é demorado e os servidores aguardam por horas pelo atendimento
Desde o dia 31 de março, a prefeitura de Dourados realiza um recadastramento dos funcionários públicos efetivos. A medida vem causando estranheza por parte dos servidores, já que os dados solicitados são os mesmos que a administração já possui no setor de departamento pessoal, como CPF; RG; carteira de trabalho; PIS/PASEP, reservista, entre outros.
Como é habitual na atual administração, os funcionários que denunciam a inusitada medida, pediram para suas identidades serem preservadas. Eles questionam a utilidade do "recadastramento", justamente pelo fato da redundância dos dados requeridos. O único que faz sentido, segundo os funcionários, é a atualização do endereço, o restante a prefeitura já possui desde quando o servidor ingressou no serviço público.
O procedimento está sendo feito no Plenário José Cerveira, no CAM (Centro Administrativo Municipal), das 7h30 às 11h e das 13h30 Às 17h. A prefeitura está realizando o processo por etapas. Nesta semana é a vez dos servidores da educação efetuarem o recadastramento. Os próximos serão os da saúde.
“Isso para mim tem cara de terrorismo pré-eleitoral, esse recadastramento não faz o menor sentido e ninguém até agora entendeu a utilidade disso. É tão desorganizado que nós nem somos dispensados do serviço para vir aqui. Eu sou professora e tive que faltar à aula para vir aqui nessa palhaçada”, disse uma servidora.
Indícios
Matéria veiculada no site da prefeitura em 21 de março de 2014, informa que o "recadastramento" envolve 4.500 servidores, incluindo os da Câmara Municipal. Essa medida também causa estranheza pelo fato da câmara pertencer a outro poder, o ‘legislativo’, que segundo a Constituição Federal e democrática de 1988, é independente do poder ‘executivo’ [a prefeitura].
A matéria diz ainda que o “recadastramento” é obrigatório e tem como objetivo atualizar o banco de dados, corrigir e complementar dados e informações pessoais, profissionais e familiares. No mesmo texto, o secretário de administração, João Azambuja diz: “Esses dados fornecerão elementos para implantação de novas condutas de gestão de pessoas...”.
Demora no atendimento
Além da serventia questionável, o “recadastramento” está gerando inúmeros transtornos aos servidores, que precisam faltar ao serviço e aguardar por horas a fio para serem atendido.
Um professor disse à reportagem da 94FM que chegou ao local às 08h30 e só conseguiu realizar o procedimento ao meio dia. Outra professora que pegou a senha por volta das 09h30 até as 13h ainda não havia sido atendida.
Conforme constatou a reportagem, no local há 11 guichês, mas apenas quatro estavam funcionando no período da manhã.