Propinas na Câmara saíam de contratos com valor superior a R$ 5 milhões, diz MP

MPE indica que desse total, entre 10% e 15% (R$ 500 mil e R$ 700 mil) eram rateados entre vereadores, servidores do Legislativo e empresários

Contratos apontados pelo MPE como parte de esquema de corrupção somam mais de meio bilhão de reais (Foto: André Bento)
Contratos apontados pelo MPE como parte de esquema de corrupção somam mais de meio bilhão de reais (Foto: André Bento)

O esquema de corrupção denunciado pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) a partir da Operação Cifra Negra indica que propinas pagas na Câmara de Dourados saíam de oito contratos pagos com dinheiro público e valor superior a R$ 5 milhões. Desse total, entre R$ 500 mil e R$ 700 mil foram rateados entre vereadores, servidores do Legislativo e empresários, conforme a acusação. 

Leia também:
-MPE denuncia alvos da Cifra Negra por propinas mensais de R$ 23 mil na Câmara

Protocolizada na 1ª Vara Criminal de Dourados na sexta-feira (8), a peça acusatória assinada pelos promotores de Justiça Ricardo Rotuno, Etéocles Brito Mendonça Dias Júnior e Luiz Gustavo Camacho Teçario aponta que de 10% a 15% dos valores envolvidos nas fraudes eram destinados ao pagamento de propina. Somados, os oito contratos suspeitos atingem a cifra de R$ 5.108.938,87.

A denúncia cita contrato para prestação de serviços de software que só teve participação da empresa Quality na concorrência. Foi aditivado 4 vezes, entre 15 de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2014. Com valor inicial de R$ 252 mil, totalizou ao seu fim R$ 1.358.447,28.

Em outro contrato, para assessoria ao Departamento de Recursos Humanos, Planejamento a Municípios Ltda. atuou de 17 de outubro de 2011 até 17 de abril de 2016 mediante 9 termos aditivos. Isso fez o valor inicial de R$ 75 mil saltar para R$ 772.843,59.

Outro, para locação de software via web, foi assumido pela F.A Vasum ME, aditivado 4 vezes, de 18 de novembro de 2011 até 18 de novembro de 2015, ao custo total de R$ 299.600,00.

Contrato para digitalização dos documentos, a F.A. Vasum ME venceu e atuou de 18 de novembro de 2011 até 27 de movembro de 2015, com oito aditivos que levaram o preço final para R$ 599.760,00.

Em contrato para reavaliação dos bens patrimoniais da Câmara, a KMD Assessoria Contábil e Planejamento a Municípios LTDA. venceu e ganhou R$ 32 mil de 7 de dezembro de 2011 até 7 de janeiro de 2012.

Em outro, para locação e de sessão de software especializado em gestão pública, a Quality venceu e ganhou R$ 1.597.179,00 de 1 de janeiro de 2015 até 31 de dezembro de 2018.

Contrato para software de prestação de serviços de controle, Jaison Coutinho ganhou R$ 150.309,00 de 15 de dezembro de 2015 até 14 de dezembro de 2018.

Em outro, consultoria para ampla assistência técnica especializada, KMD ganhou, e com três aditivos (de 23 de novembro de 2016 a 23 de junho de 2018 ganhou R$ 298.800,00.

“Curioso é que, em todos os contatos supramencionados, as empresas do grupo Quality concorreram sozinhas aos certames, situação esta que perdurou por diversos anos. Contudo, após a deflagração da Operação Cifra Negra e suspensão do contrato existente entre a Câmara de Vereadores de Dourados e tais empresas, surgiram diversas outras dispostas a prestar o mesmo serviço que, supostamente, até pouco tempo, somente a Quality e suas aliadas poderiam prestar”, afirmam os promotores de Justiça.


Idenor Machado, Cirilo Ramão e Pedro Pepa são acusados de chefiarem esquema criminoso (Foto: Reprodução) 
Idenor Machado, Cirilo Ramão e Pedro Pepa são acusados de chefiarem esquema criminoso (Foto: Reprodução)


Conforme já revelado pela 94FM, foram denunciados como membros do esquema de corrupção os vereadores Idenor Machado (PSDB), Cirilo Ramão (MDB) e Pedro Pepa (DEM), são acusados de fraudes em licitações, organização criminosa e pagamento de propinas, o suplente Dirceu Longhi (PT), ex-servidores do Legislativo e empresários

A denúncia também pesa contra Denis da Maia, Patrícia Guirandelli, Karina Alves de Almeida, Jaison Coutinho, Franciele Aparecida Uglayber Fernandes Farias, Alexandre Zamboni e Cleiton Gomes Teodoro. Donos de empresas diversas, eles fariam parte de um mesmo esquema para vencer licitações fraudulentas em diversos Legislativos municipais.

“Entre os anos de 2010 e 2018, sobretudo no âmbito da Câmara Municipal de Dourados, integraram organização criminosa (associação estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, com objetivo de obter, diretamente, vantagem patrimonial, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas são superiores a 4 anos), frustrando ou fraudando, por oito vezes, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação”, aponta o MPE.

Conforme a denúncia, “Denis da Maia, Jaison Coutinho, Franciele Aparecida Vasum, Karina Alves de Almeida e Patrícia Guirandelli Albuquerque ofereceram ou prometeram vantagens indevidas a funcionários públicos, para determina-los a praticar atos de ofício infringindo deveres funcionais”.

O documento acrescenta que “Idenor Machado, Dirceu Longhi, Pedro Alves de Lima Cirilo Ramão, Alexandro Oliveira de Souza e Amilton Salina, funcionários públicos, receberam, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida, pelo que infringiram dever funcional, bem como desviaram dinheiro público em proveito próprio ou alheio”.


Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.
  • Antonia Oliveira

    Antonia Oliveira

    E agora? Vai ser cobrado dos envolvidos ou irá ser arquivado o assunto?!!

  • Sandra

    Sandra

    E depois o simted ainda vai ter que pagar indenização por ter chamado esses caras de Pau de TRAÍRAS? O que eles são? Não traíram o povo Douradense mesmo? São traíras,covardes e corruptos.Que nojo!