Prefeitura mostra contradições em ação contra greve dos educadores
Enquanto minimizava efeitos da greve para população, prefeito apelava à Justiça por prejuízo aos estudantes
A ação judicial movida pela Prefeitura de Dourados contra a greve dos educadores evidencia uma série de contradições da administração municipal. Desde que o movimento grevista foi deflagrado, a secretária Marinisa Mizoguchi (Educação) insiste em dizer que as aulas prosseguem normalmente e convoca os pais a enviarem os filhos às escolas. Para Justiça, no entanto, os argumentos são outros e o impacto da paralisação já é dado como certo.
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Em matéria divulgada pela prefeitura no dia 17 deste mês sob o título “Secretária de Educação reforça alerta para que pais levem os filhos às escolas e Ceims”, Marinisa reforçou que “o funcionamento das escolas e o andamento das aulas não serão afetados, por isso pedimos aos pais que levem seus filhos à escola”.
Mas nos autos do processo contra a greve, o procurador do município Isaú de Oliveira anexou relatórios que apontam cinco escolas sem funcionamento já no dia 18. Aurora Pedroso de Camargo, Avani Cargninelutti Sehlauer, Neil Fioravante – Caic, Januário Pereira de Araujo e Elza Farias foram apontadas como “sem funcionamento em virtude de paralisação desencadeada através do movimento de greve iniciado em 15/07/2014”.
Mesmo ciente desse fato, comunicado à Justiça no dia 23, a administração do prefeito Murilo Zauith (PSB) continuou a apresentar informações diferentes para a população. Isso ficou evidente no dia 27, quando a prefeitura divulgou matéria intitulada “Todos os Ceims e 39 escolas municipais de Dourados funcionam normalmente”.
Nessa publicação, Marinisa Mizoguchi afirmou que “são seis escolas que realmente fecharam as portas por decisão do próprio gestor da escola. Essa é uma grande preocupação, mas é um número muito pequeno. Estamos falando de um total de 82 unidades. Todos os Ceims e 39 das 45 escolas estão funcionando”.
“Conforme a secretária, além das escolas fechadas, nas demais apenas alguns profissionais estão em greve. Segundo ela, a Semed aguarda que cerca de 60 dos 4,1 mil profissionais da educação voltem ao trabalho”, consta na publicação. “‘O que existe de repente é um ou dois funcionários efetivos que não estão na escola’, o que segundo ela [Marinisa] impede a realização de uma ou outra aula. Diante disso, a orientação segue para que os pais continuem levando os filhos para a escola”.
Contudo, apesar de minimizar os efeitos da greve perante a opinião pública, o prefeito Murilo Zauith apresentava à Justiça outra realidade.
“[...] o sindicato réu labora também em abuso, causando prejuízos à população estudantil, pois como se vê dos noticiários anexos, que circularam e circulam na mídica local, já se amarga prejuízos para mais de 27.000 (vinte e sete mil) alunos da rede pública do ensino fundamental e creches (sic)”, pontuou o procurador do município em manifestação datada de 23 de julho, quatro dias antes da secretária de Educação anunciar que o movimento grevista impedia apenas “uma ou outra aula”.
No mesmo documento, a administração municipal argumenta que caso a Justiça não atendesse seu pleito, “a população estudantil de 27.000 alunos continuará amargando os prejuízos, comprometendo-se o calendário escolar e ano letivo, eis que pelas análises, o sindicato réu pretende avançar por muito mais tempo que se imagina no movimento grevista, pouco importando no prejuízo que está causando, com os alunos fora de sala de aula, bem como ainda em relação às crianças atendidas nos Centros de Educação Infantil (creches), tudo à vista dos noticiários que circulam cujas cópias estão anexadas a este pedido”.