Prefeitura gasta R$ 2 milhões com kits, mas manda alunos comprarem mais de R$ 50 em materiais
Mesmo com anúncio de investimento, prefeito Murilo Zauith só deve entregar materiais em abril
Mesmo com o anunciado investimento de R$ 2 milhões na compra de kits escolares, a Prefeitura de Dourados ainda manda alunos da Rede Municipal de Ensino comprarem seus próprios materiais. Uma lista do 3º ano da Escola Municipal Avani Gargnelutti Fehlauer, a qual a reportagem da 94 FM teve acesso, mostra que as crianças que conseguem vagas precisam gastar mais de R$ 50 para iniciar as aulas.
Pais de alguns desses estudantes e até mesmo professores da Rede Municipal afirmam que somente em abril devem começar a ser entregues os kits da prefeitura. Mas as aulas têm início já nesta quarta-feira (5). Desta forma, quem não tiver condições de pagar do próprio bolso pelos materiais solicitados nas listas entregues pelas escolas, ficará sem meios de estudar.
Toda essa situação acontece mesmo depois de o prefeito Murilo Zauith (PSB) ter gasto R$ 2.054.587,85 (dois milhões, cinquenta e quatro mil, quinhentos e oitenta e sete reais e oitenta e cinco centavos) com os kits. Vencedora no lote 02, a NKS Importações e Exportações Indústria e Comércio de Calçados Ltda. conseguiu um contrato de R$ 1.164.751,44. Já a Nilcatex Textil Ltda., que ganhou os lotes 01 e 03, vai embolsar R$ R$ 985.225,15 do município.
Essas duas empresas são apresentadas no Diário Oficial do Município do dia 29 de janeiro como as vencedoras da licitação para “aquisição de uniformes e materiais escolares para distribuição gratuita aos alunos da Rede Municipal de Ensino de Dourados/MS”.
Enquanto o prefeito não entrega os produtos que adquiriu com recursos públicos, resta aos estudantes de Dourados arcar com gastos superiores a R$ 50. Esse valor foi obtido pela 94 FM com base na lista solicitada pela prefeitura e nos menores preços que constam na pesquisa que o Procon (Programa Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor) realizou no dia 10 de janeiro.
Na lista do 3º ano da Escola Municipal Avani Gargnelutti Fehlauer, foram solicitados: cinco cadernos grandes de brochura 96 folhas (o Procon encontrou esse produto pelo menor preço unitário de R$ 2,90); um caderno de caligrafia pequeno (R$ 0,75); duas colas brancas (R$ 0,60); 100 folhas de sulfite A4 (R$ 10,50); régua 30 centímetros (R$ 0,28); e toalha de mão (produto que não consta na pesquisa do Procon). Esses itens seriam para “entregar em sacola identificada constando nome do aluno em todos os materiais”.
Na mesma lista ainda são pedidos “para ficar no estojo do aluno”: um apontador com reserva (R$ 0,50); duas borrachas (R$ 0,20); uma caixa de lápis de cor grande (R$ 2,60); dois lápis pretos (R$ 0,17); um jogo de canetinha (não encontrado valor na pesquisa do Procon); e uma tesourinha sem ponta (R$ 0,80).
Também foram solicitados um bloco de papel creative paper (não encontrado na pesquisa no Procon); uma caixa de giz de cera (R$ 1,10); uma caixa de tinta ghache 12 cores (R$ 2,16 a caixa de 6 cores); duas colas brancas (R$ 0,60); uma cola colorida (R$ 0,85); 100 folhas de sulfite branca A 4 (R$ 10,50); e uma pasta plástica com elástico (não consta na pesquisa do Procon). Esses itens para “entregar em sacola identificada contendo o nome do aluno, ano e período, para o professor de Arte”.
*Matéria editada às 10h35 de 04/02/2014 para acréscimo de informações.