Prefeitura diz não ter dinheiro e pede mais 60 dias para iniciar formação de guardas

Em petição feita à Justiça nesta segunda-feira, procuradora-geral do município tenta evitar multa diária superior a R$ 25 mil por descumprir acordo judicial

Prefeitura quer mais 60 dias para começar formação de novos agentes da Guarda Municipal de Dourados (Foto: A. Frota)
Prefeitura quer mais 60 dias para começar formação de novos agentes da Guarda Municipal de Dourados (Foto: A. Frota)

Para evitar uma multa superior a R$ 25 mil por dia, a Prefeitura de Dourados argumentou à Justiça que não tem dinheiro para iniciar neste mês a formação de 92 candidatos aprovados no concurso público de 2016 para a Guarda Municipal. Nesta segunda-feira (26), a procuradora-geral do município, Lourdes Peres Benaduce, solicitou prazo de mais 60 dias para começar essa fase final e atender os termos de acordo judicial celebrado em junho do ano passado.

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Na petição protocolada hoje na 6ª Vara Cível da comarca, onde tramita o processo número 0805257-64.2017.8.12.0002, ela pede que o juiz José Domingues Filho não atenda ao pedido do MPE-MS (Ministério Público Estadual), que defende aplicação de multa diária de 1000 Uferms (Unidade Fiscal Estadual de Referência de Mato Grosso do Sul, cotada atualmente a R$ 25,11) ao município.

A Promotoria de Justiça argumenta que a prefeitura não cumpriu os prazos estabelecidos no acordo judicial firmado durante audiência no dia 27 de junho de 2017. Dentre eles, o de finalizar a investigação social dos candidatos aprovados até dezembro passado e a formação profissional neste mês de fevereiro.

DENTRO DO PRAZO

O Município diz estar "realizando todas as fases do concurso conforme prazos editalícios, não se podendo falar em paralisação do certame". E cita que no Diário Oficial do dia 20 de fevereiro de 2018 "foi publicado o resultado dos recursos interpostos contra o resultado da fase de investigação social e funcional dos candidatos".

"A próxima etapa do concurso é a fase de formação profissional que tem a duração de 870 (oitocentas e setenta) horas, com duração aproximada de 05 (cinco) meses. Contudo, é importante frisar que esta fase é a mais dispendiosa para os cofres municipais, justamente por envolver pagamento de salários para candidatos, compra de materiais e demais despesas", argumenta a Procuradoria-Geral.

Prefeitura alega não ter dinheiro para iniciar formação de novos guardas municipais (Foto: A. Frota)
Prefeitura alega não ter dinheiro para iniciar formação de novos guardas municipais (Foto: A. Frota)

AUMENTO NAS DESPESAS

Segundo a prefeitura, "esse aumento nas despesas vem em desencontro com os esforços do Município de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em especial no que concerne as despesas com pessoal, inclusive com a edição do Decreto n. 308/2017 que limitou e determinou uma redução nos gastos do Município".

Em referência a "dados da Secretaria Municipal de Fazenda", a administração pública alega que "em abril de 2017, o índice de pessoal foi de 55% acima do limite que é de 54% para o Poder Executivo" e "já no segundo semestre do ano de 2017, em virtude das limitações nos gastos, o índice caiu para 53,66, eliminando o excesso e cumprindo o art.23 da LRF".

RESPONSABILIDADE FISCAL

"Assim, o Município visa cumprir rigorosamente a LRF, com a eliminação de todo gasto excessivo com pessoal", afirma, acrescentando que "o início imediato da fase do curso de formação profissional, provocaria um desequilíbrio no índice de gastos com pessoal, o que desrespeita o art. 23 da LRF".

Por essas razões, o município destaca que o prazo requerido pelo MPE "de 120 (cento e vinte) dias para realização do curso de formação profissional não é possível ser cumprido, face os atuais esforços da Administração Municipal para diminuir os gastos com pessoal". "Ademais, como antes frisado, o curso de formação de pessoal tem uma carga horária de 870 horas, o que não pode ser realizado em 120 dias, sendo necessário, no mínimo, cinco meses", pontua.

PERÍODO ELEITORAL

Para rebater "o argumento do MPE no sentido de que o início do período eleitoral criaria óbice as nomeações dos candidatos aprovados", a Procuradoria-Geral do Município argumenta que "as limitações do art. 73, inc. V da Lei Eleitoral apenas se aplicam na circunscrição do pleito, e não nos demais níveis de Administração". "Assim, sendo a eleição nas esferas estadual e federal, não existe vedação ao prosseguimento do certame durante o período eleitoral, inclusive com nomeação de candidatos aprovados".

Além de garantir que "nenhuma influência o pleito de outubro terá na sequência do concurso em questão, podendo o Executivo Municipal dar prosseguimento ao certame, inclusive, se for o caso, nomeando os aprovados", a defesa da Prefeitura de Dourados pediu ao magistrado que negue o pedido de multa feito pelo MPE "principalmente considerando que o concurso está em andamento" e requer "o prazo de 60 (sessenta) dias para início da fase de formação profissional" dos 92 aprovados para Guarda Municipal.

MANIFESTAÇÃO

Grupo de aprovados protesta para ter direito de trabalhar (Foto: Divulgação)
Grupo de aprovados protesta para ter direito de trabalhar (Foto: Divulgação)

Diante das incertezas que vive, o grupo de 92 aprovados vai nesta segunda-feira (26) à Câmara de Vereadores para uma manifestação. Às 19h, quando começa a sessão ordinária, serão representados por um agente da Guarda Municipal que fará uso da tribuna livre para pedir apoio à causa e cobrar a convocação.

Comentários
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  • Wagner

    Wagner

    Como o Ministério Publico em Dourados está trabalhando desde de Janeiro 2017.O Murilo ficou 6 anos administrando a cidade e nunca o Ministério Publico não se manisfestava, estava sumido, será o que aconteceu, será estavam adormecido, em ferias?Gostaria de saber a resposta!

  • lia

    lia

    quando vão chamar quem passou no concurso da prefeitura vergonha

  • lia

    lia

    se tira-se 50% dos cargos de confianças dos cupinchas já daria para chamar os concursados

  • Santos

    Santos

    Senhor Juiz e senhores do Ministério Público isso é fácil de resolver. A prefeitura tem quase 600 cargos DGA mandem exonerar. A prefeitura ta um cabide e não cabe mais gente