Prefeitura de Dourados gasta 54% do que arrecada com salários

Levantamento dos educadores aponta que alguns grupos do funcionalismo público são privilegiados e já receberam aumentos salariais

Prefeito ainda não conseguiu reajustar salário dos educadores e trabalhadores da saúde (André Bento)
Prefeito ainda não conseguiu reajustar salário dos educadores e trabalhadores da saúde (André Bento)

A crise administrativa vivida pela Prefeitura de Dourados é motivada por gastos quase imprudentes com salários de servidores. O prefeito Murilo Zauith (PSB) enfrenta ameaça de greve geral do funcionalismo público por não ter conseguido ainda conceder a reposição anual dos salários. Isso porque os gastos de sua gestão com folha de pagamentos já chegam a 54% do que o município arrecada.

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Essa informação foi confirmada pelo próprio Procurador-Geral do Município, Alessandro Lemes Fagundes. Em recente entrevista à 94 FM, ele afirmou que a prefeitura não consegue sequer repor os 6,28% de índice inflacionário nos vencimentos do funcionalismo porque já está no limite prudencial do que a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) autoriza de gastos com folha de pagamento – 54% da receita líquida.

GASTOS IMPRUDENTES

“O nosso valor prudencial está no limite. Estamos trabalhando com a faixa de 54% de folha de comprometimento”, disse Fagundes no dia 3. “Estamos realizando esse estudo e aguardando um posicionamento junto ao departamento técnico para ver a viabilidade nesse período nosso se há a possibilidade de concessão [do reajuste] ainda para esse mês ou posteriormente para data futura. Estamos dentro do período de quatro meses para adequar”.

A partir desse esclarecimento, a reportagem da 94 FM apurou que Zauith pode estar destinando aproximadamente R$ 15 milhões por mês só para pagar servidores. O montante foi estimado a partir da média mensal de arrecadação do município disponível no Portal da Transparência, pouco mais de R$ 29 milhões.

FOLHA INCHADA

No portal é informado ainda que as despesas da prefeitura com “pessoal e encargos sociais” variaram de R$ 6 milhões a R$ 9,2 milhões desde o início do ano. Em outro grupo de despesas descrito há indicação de que “outras despesas correntes” consumiram de R$ 1,2 milhão a R$ 12,2 milhões de janeiro a junho. Aí estão inclusos pagamentos de diárias, auxílio-alimentação e auxílio-transporte, entre outros benefícios e gastos diversos.

Em março deste ano, a prefeitura comunicava a existência de 4,5 mil servidores públicos. Mas nem todos eles são beneficiados com a alta folha de pagamentos do município. Ao menos é isso que mostra um levantamento feito pelo Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados) e obtido com exclusividade pela 94 FM.

PRIVILEGIADOS

Os educadores - que já estão em greve por falta de reajuste salarial - apuraram que algumas categorias do funcionalismo público são privilegiadas pelo prefeito. Eles citam o Decreto nº 1.020, de 11 de abril de 2014, que proporcionou aumento de 20% na gratificação para diretores e de até 35% para vice-diretores.

Eles mostraram ainda que através da Lei Complementar nº 243, de 20 de março de 2014, os auditores fiscais referência A, classe I, tiveram seus salários elevados dos R$ 2.193,97 pagos em 2013 para R$ 6.581,91. Esses servidores podem ganhar até R$ 11.820,27 no decorrer da carreira. Os fiscais de tributos municipais também foram beneficiados nessa publicação.

Os advogados públicos tiveram na Lei Complementar nº 246, de 23 de abril de 2014, reajuste salarial que num dos casos elevou os rendimentos de R$ 2.368,67 para R$ 3.592,71 de um ano para o outro. Elevação de salários equivalente tiveram os procurados do município, graças à Lei Complementar nº 240 de 13 de fevereiro de 2014.

CONTRADIÇÃO

Em todos esses casos, os reajustes passaram a valer de fevereiro a março. No entanto, embora o Artigo 282 da Lei Complementar nº 107, de 27 de dezembro de 2006 estabeleça abril como data-base para o reajuste salarial do servidor público, trabalhadores da educação e saúde, entre outros que representam a maioria, seguem sem receber sequer a reposição inflacionária de 6,28%.

Diante dos protestos que esse atraso tem gerado e da crescente possibilidade de greve geral do funcionalismo público, o Procurador-Geral do Município diz que a única ação tomada pela prefeitura para tentar reverter o quadro é “reduzir custos, aqueles extraordinários, hora-extra, plantões, esses valores extraordinários e reduzir folha também”.

Comentários
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  • aline

    aline

    Duro não é o salário dos auditores fiscais, pelo menos eles são concursos de nível superior, duro mesmo é ver um guarda municipal concurso a nível de 2º grau ganhando 8.000. podem conferir

  • Aurio

    Aurio

    Tem festa junina, tem festa do peixe, tem inalguração, tem rotatória pra tirar e se não tiver, da pra colocar, tem gente pra trocar favores " digo Voto" digo favores; não sei! tem um sistema politico que da pra encher os bolsos; tem três poderes, tem lei de representatividade, tem pão e tem circo, tem gente bem intencionada e tem oportunistas, tem tudo pra não dá serto. A tem ordem e progresso na bandeira. E os Militares de bolsos cheios porque tem transferncia e tem idenização a cada transfenrencia e tem troca de patente "por honrra ao mérito é claro". e pro povo, tem salário comercial que é um poquinho mais que o mínimo 724,00. MAS NÃO PODE TER DESORDEM NEM BANDIDO...! Assim fica difícil sonhar com um Brasil melhor.

  • rafael

    rafael

    infelizmente nós douradenses não podemos contar com a câmara municipal, eles aprovam esses aumentos absurdos nas escuras, pois são todos comprados pelo prefeito, não existe esquerda, só a direita e quem era contra infelizmente também trocaram de lado por interesses particulares... enquanto isso nós trabalhadores tanto na educação e na saúde que seguramos as pontas, que ouve a reclamação do povo,(e com o todo direito de reclamar, e tem que reclamar mesmo) temos que aguentar calados, com as mãos atadas, pois antes de sermos funcionários somos cidadãos e vemos a situação na qual certas partes do órgão público está sendo tratada.

  • fernanda silva

    fernanda silva

    pra falar a verdade,30 por cento destes gastos vai pra os DGAS,CARGOS DE CONFIANÇAS,CARGOS CRIADOS POR ACORDOS POLITICOS,ETC.ESSE PREFEITO TEM QUE TOMAR VERGONHA NA CARA E SE DEMITIR,FICA MAIS BONITO DO QUE FAZER UM PAPELAO DESSE,E DEPOIS VEM DESCONTAR ENCIMA DE CONCURSADOS,QUE ESTUDOS RALOU PRA PRESTAR CONCURSO E DEPOIS NAO SER VALORIZADO POR UM PREFEITOZINHO DE MERDA COMO ESSE.

  • joyce almeida

    joyce almeida

    gente, me desculpa, mas na escolas conferir o q eu falo, na lumpeza e cozunha muitos funcionarios, doentes e tem que se desdobrar, porque ele nao manda mais funcionarios, para realmente trabalhar, agora da uma passadinha nas secretarias, semed lotada, cam gente passeando naqyele patio pra cima e pra baixo, funed a sala e um ovo, cheia, professores d ed. fisica coçando, dando risada parecendo q estao na casa deles, senhor prefeito acaba com esses cabides d emprego, remove esse povo poe p trabalhar, assim desincha a folha, PARA DE PALHAÇADA!!!!!!PAAR DE FAZER COISA PRA DV VER.....

  • paulo

    paulo

    sem contar que tem muitos orgão que nao servem pra nada e somente cabide de emprego eu sabia que ia da nisso tanta luta pra entra na prefeitura agora faz essas cagadas pois ele nao ganha mais nem pra presidente de bairro..

  • Edivan

    Edivan

    Será que nesta conta estão aqueles que estavam na manifestação da saúde, tentando desviar as responsabilidades do senhor prefeito????

  • douradense

    douradense

    sem contar com os fantasminhas que ganham sem aparecerem pra trabalhar.

  • douradense

    douradense

    primeiro que tem que acabar é os carguinhos de confiança dessa atual administração, e que tem muitos. Vergonha pra Dourados.

  • Carlos

    Carlos

    No mínimo deveriam revogar esses aumentos que tais classes de ''privilegiados'' tiveram no calar da noite, aparentemente sem objeção nenhuma por parte da prefeitura.Será que mesmo assim esses privilegiados vão receber também o reajuste anual junto com os demais?