Por incompetência da prefeitura, AIDS pode silenciosamente se proliferar em Dourados

No setor responsável pelo serviço, mais de 150 amostras de sangue se acumulam enquanto aguardam o teste

  • Alexandre Duarte

Quando se trata de saúde pública em Dourados, sempre há o que piorar. A mazela da vez é o ‘Programa Municipal de DST/AIDS e Hepatites’, que desde o final de novembro sofre com a falta do reagente utilizado para a realização de testes de AIDS. Enquanto isso, amostras de sangue de 150 pessoas que suspeitam estar infectadas, aguardam na geladeira um suspiro de competência da prefeitura.

A redação da 94FM recebeu diversas reclamações denunciando o caso. A fim de conferir o problema a reportagem foi até o local (na Rua dos Missionários, 420, Jardim Caramuru), onde em poucos minutos viu quatro pessoas que queriam fazer o teste serem dispensadas pela atendente, que alegando a falta do reagente e o acúmulo de ampolas aguardando teste, pedia para as pessoas voltarem outro dia.

Após presenciar o fato acima citado, a reportagem foi questionar a responsável pelo setor, Berenice de Oliveira, que se redimiu de qualquer culpa e “abriu a caixa preta” denunciando os verdadeiros culpados. “A Secretaria de Saúde foi informada ainda em novembro de 2012, avisamos quando ainda havia estoque do produto, mas não tomaram nenhuma providência então aconteceu o inevitável, acabou o reagente e sem ele é impossível fazer o teste. Como as amostrar de sangue estavam se acumulando, eu ordenei na segunda-feira (02) a parar de recolher, pois se a amostra ficar muito velha pode influir no resultado”, explicou.

Berenice explicou que a situação é lastimável e perigosa, pois várias pessoas infectadas com o vírus podem estar transmitindo a doença para o restante da população. “Sabemos que infelizmente nem todo mundo se protege, então basta uma pessoa infectada ter relação sem proteção, para dar início a uma contaminação em efeito dominó. E isso ocorre silenciosamente, e saúde pública só vai perceber daqui alguns anos, pois a doença demora um tempo para começar a se manifestar. E caso isso ocorra, todo mundo já sabe quem será o responsável”, complementou.

A responsável pelo setor disse que é lamentável o fato da administração conduzir a cidade de uma forma que contraria totalmente o slogan da gestão Murilo Zauith, que diz: “Nossa cidade melhor para você”.

Teste rápido

Ainda segundo Berenice, existe o chamado ‘teste rápido’. Ela explica que este é um tanto escasso, disponibilizado em quantidades pequenas, sendo assim, é utilizado apenas em casos de extrema emergência, como acidentes de trabalho por profissionais da saúde, estupro e outros casos excepcionais.

Prefeitura

A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Dourados, questionando a origem do problema, como também perguntando quando a falha será resolvida. Porém, em resposta, a administração pública mais uma vez desdenhou da inteligência do cidadão e “desmentiu” a constatação da reportagem, como também a declaração da chefe do setor, ao afirmar que o problema não está na falta do reagente e sim na ausência de um profissional que realize o serviço.

Confira a resposta da prefeitura:

Segundo a Secretaria de Saúde, o que falta não é o produto reagente, mas, uma farmacêutica bioquímica para manipular o produto. A profissional que estava no programa DST/Aids entrou de férias em novembro do ano passado, já avisando que não iria mais trabalhar na prefeitura. A secretaria não tinha outro profissional de prontidão para colocar no lugar dela. Todos os farmacêuticos bioquímicos que a prefeitura tem estão cedidos para o HU, já que o hospital realiza os exames laboratoriais da rede pública.

A Secretaria de Saúde já chamou uma farmacêutica cedida para sair do HU e se apresentar à secretaria, para assumir essa vaga no DST/Aids. Ela deve assumir a vaga no dia 18 deste mês.