Obra abandonada da prefeitura de Dourados gera acidente com criança
Criança de 12 anos pisa em prego em obra abandonada; o acidente aconteceu dentro de escola
Um menino de 12 anos pode ter seu crescimento prejudicado depois de um pequeno acidente e uma série de irresponsabilidades do setor público municipal. Há cerca de um mês, o jovem, aluno da Escola Municipal Armando Campo Belo, no Jardim Santa Brígida, brincava na hora do intervalo quando pisou em um prego enferrujado que perfurou o osso. O objeto que atravessou o pé o garoto estava junto com diversos outros materiais de construção abandonados que pertencem a obra da Academia da Saúde, anuncia pelo Prefeito Murilo Zauith em 2012 em um solenidade na mesma escola.
A área destinada à Academia pertence ao mesmo espaço da Armando Campos Belo e do Ceim do bairro – Centro de Educação Infantil, e não estava fechada com tapumes (placas de madeira utilizadas para cercar obras), o que colocou em risco a segurança de diversas outras crianças. Segundo o vigia Claudinei Gomes de Paula, 35, pai do garoto, o local só foi devidamente bloqueado depois do acidente.
A partir daí a família começou uma verdadeira batalha pela recuperação da criança. “Primeiro levamos ele no posto de saúde e nos disseram que seria necessário levá-lo ao PAM, lá ele tomou a vacina anti-tetânica e fez os curativos. Voltamos com ele pra casa mas o pé não melhorou, começou a piorar foi então que fomos encaminhados ao Hospital da Vida”, explica Claudinei.
O menino ficou dois dias internado no Hospital da Vida “ninguém fazia nada, lá só funciona na base do grito, depois de fazer escândalo é que conseguimos a internação”. Como o quadro piorou a família foi informada que ele precisaria ir para o Hospital Universitário. “Ele ficou duas semanas internado no HU, fez todos os exames e o médico disse que seria caso de cirurgia e que ele precisaria voltar para o HV porque só lá tinha ortopedista para operá-lo”, contou o pai.
O local só foi isolado depois do acidente (Foto: Arquivo pessoal)
Empura-empurra
Claudinei contou a redação da 94FM que questionou a equipe médica do HU sobre a transferência e recebeu a informação de que ele iria de ambulância, em um procedimento realizado entre os dois hospitais, e que a criança iria direto para um leito. “Eles me falaram tudo isso mas aconteceu totalmente diferente. No dia minha esposa me ligou dizendo que a ambulância deixou eles na frente do hospital e que eles estavam na recepção para aguardar, de novo, uma vaga”, disse.
O menino esperou das 17h até as 20h para conseguir pelo menos passar da recepção. “Conseguimos um cantinho, não era nem um leito, e mais uma vez comecei a correr atrás de informações, porque diziam que não havia nenhum documento ou informação da transferência do HU. Depois disso veio um ortopedista e falou que iria operar meu filho, disse que era pra ele ficar em jejum a partir as 22h que o procedimento seria realizado pela manhã”, contou.
Segundo a família o médico não passou pela manhã e os outros profissionais diziam que o paciente teria que ficar em jejum até que o médico viesse ou recomendasse outro procedimento. “Deu 17h o médico não tinha vindo, meu filho chorava de fome e ninguém nos ajudava, foi então que fui até o pronto socorro e perdi o controle, alguém tinha que operar ele, aí um outro ortopedista chegou em mim e disse que eu podia voltar pra outra ala porque ele ia operar, foi uma confusão porque quando voltei a enfermeira disse que não podia preparar porque esse outro ortopedista não era pediatra e ela não tinha recebido nenhuma informação. Mas, graças a Deus ele veio e operou ele às 22h”.
Possíveis seqüelas
Encerrada uma parte da luta os pais do pequeno começaram a enfrentar a segunda fase do problema. Quando voltou da cirurgia o médico explicou que uma infecção havia destruído a cartilagem do membro e que isso poderá afetar o crescimento.
“Até agora a infecção não foi controlada, ele está em uma área isolada tomando vários antibióticos, só depois disso vamos analisar as possíveis seqüelas. Mas fica o sentimento de humilhação, temos que ficar nos rebaixando pra conseguir algo que é nosso direito, por conta de um prego em um local irregular, e uma série de demoras no atendimento meu filho é o mais prejudicado, gostaríamos de ter um pouco mais de atenção para tentar garantir a saúde dele”, concluiu Claudinei. A internação já somou um mês desde o acontecimento.