No HU-UFGD, pesquisador abre caminhos na busca por novas alternativas de tratamento para infecção bacteriana resistente aos antimicrobianos
A Acinetobacter baumannii é uma bactéria que tem alcançado resistência aos antibióticos mais potentes, dificultando o controle de infecções. Por isso mesmo, novas tecnologias de saúde são cada vez mais necessárias para tratamentos efetivos e qualidade de vida dos pacientes. Por meio do saber científico, é possível explorar novas áreas do conhecimento e criar soluções inovadoras para esse e outros problemas de saúde pública.
Em Dourados (MS), um pesquisador tem aberto caminhos na busca por novas alternativas para tratamento relacionado a um tipo de infecção bacteriana resistente aos antimicrobianos. Técnico de laboratório, o Chefe da Unidade de Sistemas da Informação e Inteligência de Dados do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Junio Eduvirgem, triou uma biblioteca de fármacos não antibióticos para combater a bactéria Acinetobacter baumannii. A pesquisa foi desenvolvida durante o Mestrado em Ciências da Saúde da UFGD, orientado pela Drª Simone Simionatto e co-orientado pela Drª Suzana Meira Ribeiro. A biblioteca foi adquirida pela ApexBio (Texas, EUA) e a pesquisa foi parcialmente financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (concessão CNPq 437864/2018–9), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e UFGD.
“Foram realizados ensaios experimentais in vitro para triar os fármacos e um modelo não convencional in vivo (Caenorhabditis elegans) para determinar capacidade de sobrevivência das larvas submetidas à infecção por Acinetobacter baumannii multirresistente e tratadas com uma combinação entre desloratadina e meropenem. O maior impacto foi identificar um fármaco anti-histamínico (não antibiótico), capaz de inibir o crescimento bacteriano e formação de biofilme por Acinetobacter baumannii, uma das classes bacterianas mais acometidas em pacientes imunocomprometidos (UTI) em todo o mundo”, explicou o pesquisador.
O resultado do estudo foi a descoberta de combinação efetiva e barata no combate à infecção por Acinetobacter baumannii e registro de patente do composto. “Isso significa um grande avanço na identificação de novas alternativas de tratamentos por infecção bacteriana e, portanto, estimula o avanço de novos testes para que, um dia possa chegar como um tratamento viável aos humanos”, ressaltou Junio.
Para ele, a ciência é a arte de buscar soluções para problemas e dificuldades tanto em saúde, quanto para outros aspectos de necessidade social. Nesse sentido, relata que disseminar a prática do ensino e pesquisa, por meio dos hospitais universitários, é fundamental. “Isso é importante para a formação de profissionais capazes de buscar novas alternativas para a prestação de uma saúde pública fundamentada, baseada em evidências científicas”, ponderou.
O artigo científico pode ser acessado no link: https://www.futuremedicine.com/doi/10.2217/fmb-2022-0085
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.