‘Não é o prefeito quem define se a categoria volta’, garantem educadores em greve
Vice-presidente do Simted diz que não houve avanços nas negociações com a Prefeitura de Dourados
A greve dos educadores de Dourados está mantida e as aulas da rede municipal suspensas por tempo indeterminado. Isso é o que garante o Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados). Segundo a vice-presidente do sindicato, Gleice Barbosa, não é o prefeito quem define quando a categoria volta ao trabalho.
“A administração vem anunciando que hoje teria aula, mas é importante esclarecer que quem decide pelo retorno ou não de uma greve é a categoria. Não é a administração que define se a categoria retorna ou não de uma greve, isso inclusive é direito garantido pela Constituição e pela própria Lei de Greve”, afirmou Gleice em entrevista para a 94 FM na manhã desta quinta-feira (17).
De acordo com a sindicalista, a categoria deflagrou greve e não tem previsão de retorno. “Hoje nós passamos em algumas escolas e várias delas estavam sem nenhum aluno, fechadas. Em outras a gente percebeu que o pessoal ainda estava se reunindo, conversando. Hoje seria o primeiro dia de aula, então a gente ainda está no processo de convencimento e acreditamos que até a semana que vem 100% das escolas fechem”, pontua.
Segundo Gleice, a greve foi deflagrada há mais de um mês, quando a categoria percebeu que as negociações com o prefeito Murilo Zauith (PSB) não estavam avançando. “No dia 29 de abril o governo mandou para gente lá no sindicato uma proposta de negociação, a categoria aceitou essa proposta e até agora ele não cumpriu”, esclarece.
A vice-presidente do Simted esclarece que essa proposta diz respeito à valorização profissional, tanto dos trabalhadores do setor administrativo quanto dos que compõem o magistério. “Agora o prefeito diz que quer cumprir parte da negociação, mas nós queremos o cumprimento da negociação por inteiro”.
“Em abril ele negociou com a gente uma proposta salarial para o grupo magistério que era apenas a reposição do piso salarial nacional da educação, que é o que ele está dizendo que vai fazer agora neste momento, que é uma obrigação dele cumprir. E para o pessoal administrativo simplesmente a reposição da inflação que ficou em 6.15%”, revela.
Mas a sindicalista deixa claro que essa não é principal reivindicação da categoria. “Nós estamos reivindicando também uma política salarial para o magistério que seja igual a de Campo Grande. Nós já temos na capital hoje uma política de piso salarial nacional para uma carga de 20 horas. Aqui em Dourados até o presente momento o município não está sequer cumprindo o piso salarial nacional. A gente quer primeiro que cumpra o piso e que esse piso seja para uma carga horária de 20 horas, que é um valor também muito baixo, de R$ 1,697,00, que hoje inclusive não está sendo cumprindo e a gente quer que isso seja para uma carga horária de 20 horas para termos uma valorização melhor a exemplo do que acontece já na capital”.
Para os trabalhadores do administrativo, as reivindicações também vão além. “Nós temos pessoas que têm salários menores que R$ 800 nesse grupo. É um trabalho difícil, pesado que precisa de valorização”. Nesse caso, o Simted luta para que os administrativos disponham de um plano de cargos e carreiras que valorize a profissão.
“O que a administração tem dado de reajuste e valorizado o magistério – o grupo administrativo a gente não tem nenhuma valorização – nada mais é do que os valores do piso nacional. Então não é a administração de Dourados que tem valorizado a educação. Quem tem tido alguns avanços é o piso salarial nacional, a lei que foi aprovada em 2008”, ressalta Gleice.
Hoje os educadores protestaram no CAM (Centro Administrativo Municipal). “O prefeito não estava lá e não nos recebeu. Fomos recebidos por alguns secretários que também não podiam tomar nenhuma decisão. Então, enquanto não tivermos algum avanço com o prefeito a gente continua na greve”.
Nesta sexta-feira (18) os grevistas planejam realizar uma panfletagem nas ruas centrais de Dourados para esclarecer a população sobre os motivos da greve.
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