Murilo não atende educadores e 27 mil alunos ficam sem aulas em Dourados
Proposta de reajuste salarial feita pelo prefeito foi rejeitada pelos educadores durante assembleia na manhã desta terça-feira
As aulas de aproximadamente 27 mil estudantes da Reme (Rede Municipal de Ensino) de Dourados não devem reiniciar nesta quinta-feira (17), conforme previa o calendário escolar. Isso porque o prefeito Murilo Zauith (PSB) não conseguiu atender aos educadores e a greve que já havia sido deflagrada foi mantida por tempo indeterminado após assembleia da categoria realizada na manhã desta terça-feira (15).
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Ainda ecoavam no CAM (Centro Administrativo Municipal) os gritos de protestos feitos por servidores da saúde na semana passada quando nesta manhã novas queixas foram direcionadas ao prefeito no Pavilhão de Eventos Dom Teodardo Leitz, localizado lado da prefeitura. No local acontecia um evento da Secretaria Municipal de Educação, preparativo para o reinício das aulas.
“Nós sabemos que essa administração nada fez dentro do processo legal para poder acertar suas contas. Ela apenas cortou direitos dos trabalhadores. A única coisa garantida na lei que o prefeito fez para poder acertar suas contas foi cortar a hora-extra de trabalhador que afetou principalmente a saúde. Vamos permanecer em greve até que a prefeitura consiga organizar as suas contas e dar o reajuste decente e respeitar Dourados”, discursou Gleice Barbosa, vice-presidente do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados).
As palavras de protesto que ganhavam amplitude através das caixas de som instaladas no carro do sindicato deram fim ao evento que ali acontecia. Os organizadores preferiram dispensar os educadores que compunham a plateia. Alguns deles permaneceram como espectadores da mobilização, mas a maioria foi embora.
Quem ficou ouviu as justificativas dos sindicalistas para a greve. “Nós entendemos que quando não se avança na mesa de negociação é necessária a greve e a mobilização. A greve é o instrumento legal dos trabalhadores previsto na Constituição Federal”, pontuou Roberto Magno Botareli Cesar, presidente da Fetems (Federação dos Trabalho em Educação de Mato Grosso do Sul).
A negociação a qual o sindicalista se refere é salarial. O prefeito de Dourados não conseguiu conceder sequer a reposição inflacionária de 6,28% aos servidores municipais, o que deveria ter ocorrido no dia 1º de abril, data-base da categoria. Além disso, pautas antigas do Simted, como reajuste salarial e incorporação de adicional do incentivo ao magistério foram praticamente esquecidas pelo Executivo.
“Quem sofre com isso não são somente os trabalhadores, mas toda a população”, ressaltou Gleice. “Mas os cargos de confiança dele continuaram com 100% de gratificação nos seus salários. Ele não reduziu isso. O prefeito também continuou criando cargos não tomou nenhuma providência, melhorou salário de algumas categorias, como auditores fiscais, diretores de escola, diretor adjunto, secretários, fiscais de tributos, mas não foi capaz de melhorar o salário do restante dos servidores”.
Para os educadores, Zauith encaminhou um ofício protocolizado no Simted às 7h20 de hoje. Nele, propunha reajustar o salário do magistério em 8,32% e dos administrativos em 6,15% a partir do pagamento referente a este mês de julho. Mas o retroativo a abril só seria pago em agosto, o de maio em setembro e o de junho em outubro. Com relação aos 20% de incorporação do adicional de incentivo ao magistério e à jornada de 20 horas para os valores do Piso Nacional, o prefeito não fez qualquer proposta e disse apenas que convidaria a comissão de negociação sindical para nova reunião. (Clique aqui e confira a proposta feita pela prefeitura)
Posta em votação pela assembleia dos educadores, essa proposta da administração municipal foi rejeitada pela maioria.