Luto e revolta: familiares relatam drama vivido na saúde pública de Dourados

Morte de um bebê na UPA provocou onda de pedidos por justiça que levou o prefeito Alan Guedes (PP), recém-chegado da folia de carnaval em Corumbá, a divulgar comunicado

Morte de bebê na UPA motivou onde de pedidos por justiça (Foto: Divulgação/Prefeitura de Dourados)
Morte de bebê na UPA motivou onde de pedidos por justiça (Foto: Divulgação/Prefeitura de Dourados)

Luto e revolta. Essa é a tônica de dezenas de relatos feitos por familiares de vítimas da caótica saúde pública de Dourados. A recente morte de um bebê de apenas dois anos na UPA 24 Horas (Unidade de Pronto Atendimento) provocou uma onda de pedidos por justiça que levou o prefeito Alan Guedes (PP), recém-chegado da folia de carnaval em Corumbá, a divulgar comunicado.

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A publicação feita pelo mandatário para lamentar o ocorrido e dizer que pediu apuração do caso, contudo, foi palco para mais desabafos e críticas de quem sofre diariamente com falta de médicos e até materiais básicos no município.

Um dos pontos rebatidos pela população douradense no comunicado do prefeito foi a informação da diretora técnica da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), Jociane de Souza Marques, de que a UPA trabalha com 10 profissionais médicos por plantão, “sendo cinco durante o dia e cinco durante à noite”.

“Nunca vi esses tanto de médicos aí, uma vez invadi lá pra dentro nos alojamentos procurar os médicos pediatras, não achei um. Juntamos pais e falamos que ia chamar a polícia, ela brotou e ainda queria me dar bronca por a criança estar com febre. Aquilo lá serve pra que se não pra atender os doentes?”, desabafou uma mãe.

Outra relatou o drama vivido na busca por atendimento para o filho. “Aonde é que estava tudo esses médico, prefeito? Tinha apenas uma pediatra no UPA. Com todo o acontecido tive que implorar para ser atendida pois meu filho estava chegando a mesma situação e quem atendeu foi uma médica clínico geral, pois a única pediatra que tinha estava envolvida com a criança que infelizmente não resistiu. Tá um descaso, uma vergonha essa saúde pública de Dourados. Pelo amor de Deus, olhem pelo menos isso, a Saúde, inúmeras crianças passando mal, inúmeras mães desesperadas na porta de um UPA e sem atendimento porque o médico que estava lá não era o super herói para atender todos”, detalhou.

Em meio a esse cenário caótico, o pequeno Samuel, de apenas dois anos, não resistiu. Na nota divulgada pelo prefeito, é informado que ele foi levado à UPA dois dias seguidos. “No domingo (19), Samuel foi levado pela família por volta das 10 horas e segundo a direção da UPA às 10h10 passou pela classificação de risco. O menino apresentava dores leves, náusea, febre e dor de cabeça. Logo depois passou pelo atendimento médico e foi liberado”, detalhou.

Porém, na segunda-feira (20) “a criança deu entrada novamente às 8h30 com crise convulsiva”. “Passou pela classificação de risco e foi imediatamente medicada. A direção da UPA informou que, apesar dos esforços da equipe médica, os profissionais não conseguiram estabilizar a criança, que chegou a sofrer paradas cardiorrespiratórias. Às 11h, a Central de Regulação liberou uma vaga na UTI do Hospital Universitário, porém a criança não tinha condições de ser transferida”, prossegue a nota.

“Naquele momento uma transferência de unidade era ainda mais arriscado para a saúde do menino e diante dos riscos e dos protocolos médicos não foi possível fazer a remoção”, explicou a diretora técnica da Funsaud, Jociane de Souza Marques. Por fim, nota aponta que “apesar do acompanhamento de toda equipe, às 11h25 a criança foi a óbito”.

Em outro caso, um adolescente de 15 anos faleceu no dia 13 de fevereiro em decorrência de dengue hemorrágica após ter sido atendido na UPA. Ao comentar publicação do Dourados Agora, uma tia dele também desabafou.

“Olha aí prefeito tem que colocar ordem aí no UPA. Sou de SP estamos de luto por um adolescente cheio de vida que foi atendido aí como inflamação de garganta e aplicaram Benzetacil. Só que estava com dengue hemorrágica. Quantos Júlio César tem que morrer perder sua vida com 15 anos? Jogador do Ubiratan de Dourados, um adolescente que estava feliz e sua felicidade acabou por um erro que podia ser evitado. Jesus Cristo tenha misericórdia e dê paz pra nós e pra Mãe, a Vó, Vô”, lamentou.

Ainda no comunicado de hoje, o prefeito pontua que a UPA é unidade administrada pela Fundação de Saúde, que presta serviços à Prefeitura de Dourados. Contudo, não diz tratar-se de uma fundação criada pela própria administração municipal, cujo orçamento de R$ 79 milhões é fruto de contrato de gestão com o município, e que o diretor-presidente, Jairo José de Lima, foi nomeado pelo chefe do Executivo.



Comentários
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  • José

    José

    A saúde em geral de Dourados pede socorro e não podemos esquecer que o atendimento é de Dourados e região!!!

  • Luciana da Cruz

    Luciana da Cruz

    Infelizmente, estamos todos abandonados nesta cidade, meu filho de 1 ano e 8 meses está aguardando na fila do sus por cirurgia... cansei de levar o bebê no 24 hs e voltar sem nenhuma estimativa de ser chamado... o problema vem se agravando e nada fazem pela saúde de nossos pequenos... pedido de cirurgia desde 1 mês e pouco aguardando... TFD TBM NÃO DEU RETORNO