Largado às traças, esporte amador definha em Dourados

Atletas amadores reclamam de falta de apoio da prefeitura e também da precariedade das instalações esportivas

  • Alexandre Duarte

Além das mazelas já conhecidas nos setores da saúde e educação, a segunda maior cidade do estado também carece de uma política de incentivo ao esporte. Atletas amadores em Dourados reclamam da falta de apoio, como também das péssimas condições das instalações esportivas públicas da cidade.

Um exemplo é um grupo de 30 pessoas, entre homens e mulheres, que treina handball. Há aproximadamente um ano e meio eles se reúnem no Ginásio Jorjão três vezes por semana. Porém, desde novembro do ano passado, o grupo sofreu um revés, quando a prefeitura passou a cobrar pelo uso do ginásio.

“Isso é um absurdo, além de não nos apoiarem em nada, eles ainda querem cobrar pelo uso do Ginásio. Nós treinamos por conta, compramos todos os materiais com nosso dinheiro e custeamos as viagens para os campeonatos que disputamos na região. Nós levamos o nome de Dourados para fora e não cobramos nada por isso. Como treinamos duas horas três vezes por semana, o custo mensal para usar a quadra seria de R$ 720,00”, reclamou Ângela Marin, 35 anos.

Conforme explicou o grupo, em Dourados o esporte termina ao concluir o ensino médio. “Praticamente só existe esporte dentro das escolas, depois que a gente termina o ensino básico não tem para onde ir, então a maioria desiste”, complementou Ângela, que não praticava handball desde 1998, mas ano passado, quando soube da existia do grupo, resolveu retomar a antiga paixão.

Com a instauração da cobrança no Jorjão e também no Ginásio Municipal da Rua Monte Alegre, restou aos atletas recorrer à quadra do Parque dos Ipês. “Tentamos treinar lá algumas vezes, mas é difícil, pois tem muita gente, pessoal do basquete, do futsal e por ai vai. Além disso, a quadra não é no tamanho padrão, é bem pequena, então lá temos que jogar com cinco em cada time, ao invés de sete, isso prejudica o condicionamento técnico da equipe para a disputa de torneios”, relatou o jovem Rafael Robson, de 17 anos.

Outra participante do grupo de handball, Caroline Castilha, 17 anos, disse que a cobrança do uso do ginásio é feita de maneira estranha. “A gente entrega o dinheiro para um funcionário e não sabemos se isso realmente vai para os cofres públicos, penso que se é para existir a cobrança, que seja de uma forma que não gere esse tipo de desconfiança”, denunciou a jovem.

Comparação

Outra crítica dos atletas à prefeitura Dourados é bom base em comparações com outros municípios da região. “Em Fátima do Sul, por exemplo, a equipe de handball treina com todo apoio da prefeitura, que fornece material, custeio de transporte para as competições e até mesmo um técnico, coisas que nós não temos. Em Maracaju a situação é parecida. Então é lamentável que Dourados tenha menos incentivo que municípios menores”, explicou Rafael Robson, 17 anos.

Torneios

Entre os dias 22 e 23 de fevereiro, o grupo segue para a disputa do Torneio de Handball de Fátima do Sul. Os atletas vão custear o transporte e a alimentação do próprio bolso, contudo, o desempenho na competição ficará prejudicado em virtude da dificuldade em treinar.